Terça-feira, 04 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2024
A PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou uma denúncia contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti, pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica. Eles são acusados de invadir sistemas do Judiciário e cometerem falsidade ideológica.
O objetivo das invasões seria inserir mandados de alvarás de solturas e mandados de prisão contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, forjando sua assinatura.
Agora, o STF deve decidir se aceita ou não a denúncia oferecida pela PGR para uma ação penal para condenar ou absolver os indiciados. O relator da petição é o próprio Moraes.
O ministro deu prazo de 15 dias para que as defesas de Zambelli e Delgatti se manifestem sobre a denúncia.
Em nota, a defesa de Zambelli afirma ter recebido com “surpresa” o oferecimento da denúncia e diz que não há prova de que a deputada colaborou, instigou ou incentivou o “mitômano” Walter Delgatti.
“A narrativa dele acusando a deputada e terceiras pessoas foi desmentida pela própria investigação, e a defesa irá exercer sua amplitude para demonstrar que ela não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada”, diz trecho da nota.
A defesa de Delgatti não se manifestou.
Entenda
Carla Zambelli, segundo a defesa do hacker, teria pagado ao todo R$ 40.000 para invasão a “qualquer sistema do Judiciário”. Ela nega. Em petição enviada a Polícia Federal (PF) em novembro de 2023, a defesa de Zambelli reforçou a acusação de mitomania de Walter Delgatti Neto.
Em depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, em agosto de 2023, o hacker reafirmou que o pedido de ataque ao site havia sido feito pela deputada. Na comissão, Delgatti também afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia prometido anistia caso cometesse algum ilícito.
Ariovaldo, advogado do hacker da Vaza-Jato, afirmou também que Delgatti forneceu em depoimento à PF detalhes da sala em que esteve no Ministério da Defesa para auxiliar na produção de um relatório sobre fragilidades nas urnas eletrônicas.
“Papel central”
Zambelli teve “papel central” na invasão dos sistemas eletrônicos do Judiciário e foi a “autora intelectual” do ataque hacker, disse a PGR ao apresentar denúncia contra a congressista.
A deputada, conforme a acusação, “arregimentou” o hacker Walter Delgatti, prometendo a ele benefícios em troca dos serviços.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o objetivo era “gerar ambiente de desmoralização da Justiça Brasileira, para obter vantagem de ordem política, propondo-se, desde o princípio, à invasão a dispositivo informático, que, afinal, determinou, participando ativamente de produção de ordem judicial ideologicamente falsa”.
Na denúncia, Gonet ressaltou que o próprio Delgatti confessou as invasões, que também ficaram demonstradas por análise de perícia.