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Procuradoria-Geral da República diz que o ministro da Defesa de Bolsonaro teve atuação “indiscutível” em movimento golpista

O general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, defendeu atuação golpista aos três comandantes militares, afirmou a PGR. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou uma denúncia contundente ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas. Gonet destacou, em seu relato, que o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, teve uma atuação “indiscutível” no movimento golpista. Antes de assumir o cargo de ministro da Defesa, Nogueira comandou o Exército durante o governo de Bolsonaro, o que, segundo o procurador, fortaleceu a ligação do general com as tentativas de subverter a ordem democrática.

O procurador detalhou que Nogueira apresentou uma minuta de caráter golpista aos três comandantes das Forças Armadas. Esse episódio foi confirmado à Polícia Federal (PF) pelo comandante do Exército, general Freire Gomes, e pelo chefe da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos Baptista Junior, que confirmaram que o projeto de decreto golpista foi levado ao conhecimento deles pelo então ministro da Defesa. Além disso, Gonet revelou que, após essa apresentação inicial, Nogueira voltou a discutir o tema com os comandantes em uma reunião restrita em seu gabinete, o que reforça ainda mais a sua adesão ao movimento golpista.

“Ao, pela segunda vez, insistir, em reunião restrita com os comandantes das três Armas, na submissão de um decreto em que se impunha a contrariedade das regras constitucionais vigentes, a sua integração ao movimento de insurreição se mostrou ainda mais indiscutível”, afirmou Gonet, destacando o comportamento do general Paulo Sérgio Nogueira. O procurador também fez uma observação sobre a gravidade das ações do então ministro da Defesa, explicando que tais atitudes não ocorreriam sem uma intenção clara de subverter a ordem constitucional:

“Um ministro da Defesa não convoca comandantes das 3 Armas ao seu gabinete e lhes apresenta um projeto de decreto do tipo em apreço senão por um de dois motivos — para concitá-los a medidas drásticas contra o presidente da República proponente da quebra da normalidade constitucional ou para se expor favoravelmente à adesão ao golpe. A segunda hipótese foi a que se confirmou”, declarou Gonet, afirmando que a intenção de Nogueira era se alinhar ao movimento golpista.

O procurador-geral concluiu sua denúncia com uma acusação direta contra Jair Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente não apenas tinha pleno conhecimento do plano golpista, mas foi um dos principais articuladores dessa tentativa de golpe de Estado. Gonet sublinhou que Bolsonaro exerceu um papel de liderança na coordenação das ações golpistas, o que demonstra a gravidade do envolvimento do ex-presidente e dos outros acusados na subversão da ordem democrática. (Estadão Conteúdo)

 

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