O recorde de preços do arroz no mercado interno em 2023/24 levou os produtores brasileiros a expandirem a área de cultivo em quase 10% nesta temporada. A expectativa é que a colheita alcance 12,06 milhões de toneladas, a maior dos últimos sete anos.
Essa produção deve reduzir as importações brasileiras em 2024/25. As projeções são do Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea). A previsão é de vendas externas de 2 milhões de toneladas, contra 1,3 milhão em 2023/24. Já as importações devem recuar 18%, totalizando 1,4 milhão de toneladas.
“Em toda a região arrozeira do Mercosul, a produção tem potencial para superar 16 milhões de toneladas”, destacou Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado.
No Brasil, a colheita começará na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul em meados de fevereiro, com pico entre o final de março e início de abril. O processo industrial, que normalmente exige pelo menos 15 dias, visa garantir o melhor aproveitamento do produto.
A ampla oferta deve pressionar os preços do arroz no mercado interno, especialmente no primeiro semestre. De acordo com Oliveira, os valores devem variar entre R$ 80 e R$ 90 por saca de 50 quilos, o que representa um “empate” para os produtores, considerando custos bem geridos e alta produtividade.
Atualmente, a saca de arroz no Rio Grande do Sul está cotada a R$ 99,08, conforme o Cepea. O pico de preços foi registrado em janeiro do ano passado quando ultrapassou R$ 131 por saca. Além da maior oferta, o setor enfrenta uma demanda interna em queda.
“O varejo será peça-chave na adaptação a esse cenário, com marcas tradicionais tentando recuperar espaço frente às marcas econômicas, voltadas para consumidores mais sensíveis ao preço”, afirmou Oliveira.
As exportações seguirão sendo fundamentais para equilibrar os preços. O dólar elevado, acima de R$ 6, deve aumentar a competitividade do arroz brasileiro no mercado internacional, ampliando oportunidades, mas exigindo cautela diante da concorrência em mercados importantes, como o africano, grande consumidor de arroz quebrado. “A meta de 2 milhões de toneladas (base casca) de embarques, já alcançada em temporadas anteriores, será crucial para evitar estoques elevados em 2026”, alertou Oliveira.
O Cepea ressalta que, globalmente, as condições das lavouras são boas na maioria dos principais países produtores, com exceção das Filipinas. Isso deve contribuir para uma produção recorde em 2024/25. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que a colheita global será de 533,86 milhões de toneladas, um aumento de 2,11% em relação a 2023/24.