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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2019
A produtividade do trabalho na indústria de transformação se manteve praticamente estável no primeiro trimestre de 2019, com uma queda de 0,1% em comparação com os três últimos meses do ano passado, informou nesta quinta-feira (30) a CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O resultado da produtividade industrial, calculado com base em estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da CNI, foi medido como base no volume produzido dividido pelas horas trabalhadas.
De acordo com a entidade dos industriais, o volume produzido aumentou 0,1% no primeiro trimestre deste ano, ritmo inferior ao aumento no índice de horas trabalhadas na produção (indicador de atividade), que foi de 0,2%.
“Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, entretanto, a produtividade do trabalho na indústria de transformação apresentou queda de 1,5%”, acrescentou a CNI.
Nessa comparação, o volume produzido pela indústria caiu 1,4%, enquanto as horas trabalhadas na produção aumentaram 0,2%.
De acordo com a economista Maria Carolina Marques, da CNI, os setores precisam promover melhorias de gestão e incorporar novas tecnologias para apresentar longos períodos de ganho de produtividade.
Desde 2017, segundo ela, a produtividade na indústria de transformação vem crescendo, mas em ritmo lento. “Para mudar o quadro, é preciso que haja melhora na economia”, ponderou a analista.
Setores
A CNI também divulgou nesta quinta-feira uma avaliação da produtividade industrial, considerando um período mais longo.
De acordo com a entidade, o setor de coque (um tipo de combustível derivado da hulha), derivados de petróleo e biocombustíveis registrou ganhos elevados de produtividade entre 2011 e 2016. No entanto, nos últimos anos, a trajetória ficou praticamente estável, informou a CNI.
Outros setores que apresentaram ganhos de produtividade, segundo a entidade da indústria, foram o de papel e celulose, com aumento médio anual de 2,5% no indicador entre 2008 e 2018. Na sequência vêm produtos diversos (2,4%) e veículos automotores” (2,1%).
“No outro extremo, com trajetória de perda de produtividade na última década, estão produtos farmacêuticos e couro e calçados, ambos com queda média anual de 1,3% na produtividade”, concluiu a entidade.
Incerteza
Num ambiente dominado pela incerteza neste início de ano, empresários e consumidores estão menos confiantes com relação ao desempenho da economia brasileira. Logo, investem e compram menos do que o esperado. O resultado é que todos os setores mostram uma fraqueza.
O cenário mais difícil tem sido enfrentado pela indústria. Antes de a crise se enraizar de vez pela economia brasileira, a partir de 2014, o setor já dava sinais de alerta com a perda de competitividade. No entanto, desde o ano passado, houve uma nova escalada na crise, e a indústria voltou a perder ritmo. Neste primeiro trimestre, apenas cinco setores tiveram avanço na produção.
“A trajetória da indústria preocupa muito”, afirma o economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Rafael Cagnin. “E é um movimento generalizado, o sinal é negativo para vários setores.”