Confraternizações, festas de final de ano, celebrações de amigo secreto, conversas altas e muita música. Esses momentos tão esperados por algumas pessoas podem trazer não só harmonia e alegria, mas também conflitos para quem vive em condomínios.
Na lista de situações que mais geram complicações entre as pessoas, o barulho excessivo é um dos principais motivos de problemas entre condôminos. Essa lista aumenta com a inclusão de temas como animais domésticos, uso inadequado de áreas comuns, vagas de garagem, vazamentos ou problemas estruturais, inadimplência e discussões em assembleias.
Atualmente, empresas de administração de condomínios já contam com profissionais especializados em buscar soluções amigáveis para desavenças. É o caso da advogada Jaqueline Heldt da Silva que, desde 2016, presta serviços para a LCD Condomínios no setor de cobranças extrajudiciais.
Após realizar o curso de Conciliador Judicial, no Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça do RS, ela passará a atuar na empresa também na conciliação entre condôminos e condomínios. “No dia a dia, já praticava intuitivamente a advocacia humanizada, que alinha as práticas jurídicas à necessidade de um atendimento acolhedor, ético e personalizado. No entanto, senti a necessidade de me qualificar formalmente, o que me proporcionou um importante aprendizado das técnicas e ferramentas necessárias para promover a autocomposição e a pacificação social”, afirmou a advogada.
Além da especialização, Jaqueline Heldt da Silva acumula a experiência de ser síndica profissional no Condomínio Residencial Valparaíso, no bairro Jardim Botânico, em Porto Alegre. “Ter essa vivência ajuda a entender a dinâmica de funcionamento dos condomínios, vislumbrando alternativas de forma mais assertiva”, disse.
O trabalho do conciliador envolve ouvir as partes, identificar as questões que necessitam resolução, manter a privacidade dos envolvidos, buscar resoluções, formalizar e monitorar o cumprimento dos acordos. “É importante estimular a comunicação aberta, neutra, positiva e não violenta entre os moradores”, explicou a advogada.
“A meta é sempre alcançar um diálogo baseado no respeito em um ambiente seguro, onde os envolvidos poderão expor suas questões, interesses e sentimentos visando à geração de soluções eficientes e justas, bem como a construção do entendimento”, completou.
Uma das ferramentas autocompositivas, muito utilizadas nesses processos, é a inversão de papéis dos envolvidos no conflito. “A ideia é que os dois lados entendam como ambos se sentem, promovendo empatia”, contou.
O diretor da LCD Condomínios, Marcelo Décimo, destacou que o conciliador atua como um facilitador na resolução de conflitos, evitando que eles cresçam, resultando em multas condominiais e se transformando em processos judiciais. “Sem um profissional qualificado, a situação pode se agravar, gerando tensão entre moradores e prejudicando o ambiente coletivo”, explicou.