Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2024
A proibição do Partido Liberal (PL), legenda a qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é filiado, de coligações com partidos de esquerda nas eleições municipais se tornou alvo de críticas de correligionários que estão fora das capitais.
A avaliação de filiados de longa data do PL é que, ao se curvar ao desejo de Bolsonaro, o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, deixa de lado o pragmatismo político e prejudica parte dos candidatos. As queixas já chegaram ao mandachuva da sigla.
Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ). Para não desagradar Bolsonaro, o PL pressionou a coligação a rifar o PDT. O partido do ex-presidente apoia a candidatura de Dudu Reina, do PP, e indicou a vice da chapa, Roberta Teixeira, que é irmã do presidente estadual do PP, Doutor Luizinho.
Excluído, o PDT mudou de lado e vai apoiar o petista Tuninho da Padaria. O movimento foi visto por integrantes do PL como um tiro no pé que pode prejudicar a chapa de Dudu Reina.
No comunicado a seus filiados divulgado na semana passada, o PL definiu punições para diretórios que se coligarem com partidos de esquerda. As legendas citadas nominalmente foram a federação formada por PT, PCdoB e PV, e o grupo formado por PSOL e Rede.
Siglas como PDT e Cidadania, que estão coligadas a candidatos do PL em algumas cidades do interior não foram citadas, mas há o receio de que haja punições para os grupos que se alinharem a esses partidos nas eleições municipais.
Rota de colisão
As convenções do PL para as eleições municipais deste ano expuseram divergências internas e lançaram dúvidas sobre o cumprimento do objetivo da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro: eleger ao menos mil prefeitos pelo Brasil. Em um cenário turbulento, viraram alvo de desgaste campanhas em que Bolsonaro e o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, estão em lados opostos, bem como os palanques em municípios nos quais o partido estará com aliados de esquerda, contrariando orientação nacional.
Na tentativa de fortalecer a base mais fiel, Bolsonaro tem travado ainda um duelo com o comando do partido para vetar também nomes de centro. À revelia de Valdemar, grupos de direita têm feito uma força-tarefa para denunciar neoaliados. O objetivo é fortalecer a “guerra cultural” e preservar as bandeiras do bolsonarismo. Em algumas cidades, o próprio ex-presidente procura privilegiar aqueles que estão mais alinhados aos valores que o elegeram em 2018, independentemente da filiação partidária.