Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil As promíscuas relações entre poderosos da política e da economia no Brasil

Compartilhe esta notícia:

Empreiteiro Marcelo Odebecht. Empresa subornou políticos em troca de contratos (Foto: Cicero Rodrigues/ World Economic Forum)

No mesmo ano de 2012 em que eram condenadas duas dúzias de réus do mensalão, o investimento da Odebrecht em suborno ou financiamento ilegal de políticos chegava ao máximo. No ano de 2014 da estreia da Lava Jato, a empresa ainda investiria 1% de seu faturamento em crimes confessos, mantendo a média do que gastou na grande década da propina.

Essas coincidências dão o que pensar sobre uma explicação popular do motivo da persistência da corrupção no Brasil: impunidade.

O efeito dissuasivo das penas judiciais parece pelo menos depender também do alcance e da dosagem eficiente de punição. Mais condenados, de espécie variada e a perdas mais duras de dinheiro a liberdade.

Talvez o efeito das condenações seja defasado e indireto, de difusão social e cultural lenta, além de depender de outras condições desalentadoras de corruptos.

O caso, quase anedótico, ilustra a dificuldade de explicar a corrupção e o que fazer a fim de contê-la no futuro (ou agora mesmo: já haveria um novo Grande Corruptor?).

A bibliografia sobre os motivos desses crimes não ajuda a estabelecer a causa fundamental do problema. Mas forma um mosaico de motivos para as operações de corrupção, que, mais do que variadas, como crimes constituem um aspecto sistêmico da evolução econômica brasileira faz ao menos 70 anos.

Antes de mais nada, do que se trata?

Nem mesmo a Odebrecht esgota o caso, mas sua lista de negócios é abrangente e indica que se está diante de muito mais do que suborno. O que parece se revelar é um sistema geral de relação entre grande empresa e Estado no País, sistema elaborado durante décadas, azeitado seja com ações claramente criminosas ou não.

Pelas confissões de seus executivos, a empresa:

1. Comprou votos e elaboração de leis,

2. Comprou apoio público e privado para fraudar concorrências;

3. Destinou dinheiro ilegal para campanhas eleitorais;

4. Comprou favores de servidores estatais ou paraestatais (Petrobras etc.) com o objetivo de vencer contratos, superfaturá-los e liberar pagamentos retidos;

5. Financiou a formação de partidos ou coalizões eleitorais;

6. Evadiu, lavou e sonegou dinheiro;

7. Comprou agilidade em trâmites burocráticos na alta administração em geral;

8. Investiu a fundo perdido na compra de simpatias de líderes políticos;

9. Subornou governos, políticos e sindicalistas a fim de evitar reivindicações trabalhistas;

10. Financiou negócios e despesas particulares de parentes e amigos de governantes;

11. Comprou dados sigilosos do governo.

Medido em termos de massa de dinheiro, o principal motivo alegado pela Odebrecht para sua atividade corrupta era o financiamento ilegal de campanhas.

No entanto, a lista mostra motivos variados e mesclados para a oferta de suborno, para nem falar dos motivos da demanda. Além do mais, a Odebrecht é apenas um dos corruptores.

Outras investigações descobriram:

1. Compra de decisões do Estado sobre pagamentos de impostos contestados por empresas (bancos, grandes empresas nacionais e múltis);

2. Compra de decisões e facilidades em tribunais de contas;

3. Suborno sistemático de fiscais da atividade econômica, da supervisão de alimentos à de obras privadas.

Isso quanto ao lado da oferta de corrupção.

E a demanda?

Para responder, é preciso qualificar o motivo “financiamento ilegal de campanha”.

É óbvio o uso de “sobras de campanha” com fins de enriquecimento pessoal, mas não se trata de atitude eventual.

Muito cacique político que se formou na redemocratização era oriundo do que se vai chamar, por brevidade, de baixa classe média ou classe média alta, mas sem capital.

Em três décadas de atuação política quase exclusiva, se tornaram, no entanto, agropecuaristas, empresários do setor imobiliário, concessionários de serviços públicos, sócios do capital estabelecido e da velha oligarquia e recipientes de subsídios do Estado para seus negócios.

Há evidências de trânsito de dinheiro de campanha para o caixa pessoal dessas figuras, mas o empreendimento político-empresarial vai além. Políticos empreendedores e hábeis favorecem a grande empresa já estabelecida a fim de obter recursos para alavancar carreiras políticas.

Assim ganham poder para extrair recursos indevidos do Estado e de empresas a fim de se estabelecer também como donos de capital, fundando assim novas oligarquias regionais.

Não parece uma descrição imprecisa da história de líderes de todos os partidos maiores que foram ao poder desde 1985, afora no caso estadual de São Paulo, centro “moderno” do capital, onde a encrenca é outra. (Folhapress)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Após assalto feito por quadrilha brasileira no Paraguai, polícia reforça rondas na região da fronteira em Foz do Iguaçu
Cantora Rihanna é acusada de desrespeitar a rainha da Inglaterra em seu Instagram
https://www.osul.com.br/promiscuas-relacoes-entre-poderosos-da-politica-e-da-economia-no-brasil/ As promíscuas relações entre poderosos da política e da economia no Brasil 2017-04-24
Deixe seu comentário
Pode te interessar