Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2017
Há uma semana, Donald Trump comemorou que, de acordo com o depoimento de se ex-diretor do FBI James Comey não era pessoalmente investigado no caso russo, que apura a interferência de Moscou nas eleições americanas — apesar de uma série de outras acusações que foram feitas no depoimento ao Senado. Pois agora até isso acabou: de acordo com o jornal Washington Post, o promotor especial Robert Mueller está investigando o presidente por obstrução da Justiça, um crime que pode ser a base para um futuro pedido para abertura do processo de impeachment.
De acordo com fontes sigilosas que falaram ao diário americano, o promotor especial — indicado na esteira do escândalo da demissão de Comey, que teria sido afastado justamente por Trump por causa das investigações do caso russo — está entrevistando funcionários de Inteligência seniores como parte de uma pesquisa mais abrangente, que agora inclui uma análise sobre uma tentativa pessoal do presidente de tentar obstruir o caso.
Comey acusou Trump de pressioná-lo “a aliviar” a investigação a Michael Flynn — ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca demitido por ligações sigilosas com os russos — e para ajudar a “dissipar a nuvem” que atrapalhava seu governo.
Antes da chegada de Robert Mueller ao caso, o FBI focava nas investigações sobre a intromissão russa durante a campanha presidencial e se havia alguma coordenação entre a campanha de Trump e o Kremlin. Agora, além da obstrução de Justiça, o promotor procura qualquer evidência de possíveis crimes financeiros entre os associados a Trump, disseram autoridades ao “Washington Post”.
Comey revelou, em seu depoimento na semana passada, que teve dois encontros e seis ligações privadas com o presidente americano e que, em todas elas, fez memorandos narrando as conversas, por acreditar que o chefe de Estado poderia mentir no futuro — o que acabou ocorrendo. Em seu depoimento, ele chamou Trump de mentiroso.
Ex-diretor do FBI por 13 anos e respeitado por democratas e republicanos, Mueller é considerado alguém que não é suscetível às pressões políticas. Sua indicação esfriou — por pouco tempo — a avaliação dominante em Washington de que o governo Trump estava tentando controlar as investigações. Mas, na segunda-feira, um amigo de Trump, o empresário Christopher Ruddy, diretor-executivo da Newsmax Media, afirmou em entrevista à emissora pública PBS após se reunir com o presidente que o republicano estaria considerando “demitir o promotor especial”, o que gerou reação contrária imediata, tanto de democratas como de congressistas republicanos.
As entrevistas já realizadas pelo promotor sugerem que Mueller vê a tentativa de obstrução da questão na Justiça como mais do que apenas um “disse me disse” na disputa entre o presidente e o diretor do FBI, revelou outro funcionário. Ainda de acordo com o jornal, o promotor já teria interrogado nomes como os de Daniel Coats, atual diretor de Inteligência Nacional, e Mike Rogers, chefe da Agência de Segurança Nacional.