Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2024
Pronta desde 2023, a Ponte da Integração, que liga Foz do Iguaçu, no Paraná, a Presidente Franco, no Paraguai, está parada e sem uso. O atraso nas obras de acesso tanto no lado brasileiro como no paraguaio inviabiliza a circulação de carros e caminhões na fronteira mais movimentada do País.
Responsável pela administração e fiscalização da obra, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná alega que no lado brasileiro ainda precisam ser concluídas a rodovia de acesso à ponte, com 14,7 km, e duas aduanas: Brasil-Paraguai e Brasil-Argentina. No Paraguai, também é preciso finalizar obras de acesso.
A nova ponte no Paraná é aguardada há mais de 30 anos com a expectativa de aliviar o trânsito caótico da Ponte da Amizade, na fronteira entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este. A nova estrutura custará R$ 374 milhões. Desse valor, R$ 238 milhões correspondem à estrutura da ponte em si e outros R$ 136 milhões, às obras de acesso – aduana e rodovia perimetral no lado brasileiro – que não estão prontas. A obra é uma parceria entre os governos federal, do Paraná e a Itaipu Binacional.
Com 760m de extensão e vão livre de 470m, a ponte tem duas pistas, cabos estaiados e um mastro principal de 190m no lado brasileiro, altura de um prédio de 63 andares.
O descompasso na entrega da ponte e das obras de acesso é o que inviabiliza liberação do trânsito. Enquanto a construção fluiu sem contratempo a partir de 2019, a infraestrutura de rodovias e aduanas, tanto no Brasil quanto no Paraguai, demorou para sair do papel.
Apesar de o contrato para as obras de acesso ter sido firmado em 2019 no lado brasileiro, o consórcio responsável, JL/Planaterra/Iguatemi, que não é o mesmo da execução da ponte, fez um pedido de reequilíbrio econômico-financeiro, alegando prejuízos causados pela pandemia, alterações contratuais e novas soluções de engenharia necessárias. Um acordo para prosseguir os trabalhos foi homologado em dezembro de 2023.
Balanço divulgado pelo governo do Paraná em julho apontou a execução da Perimetral Leste em 32,4%. A construção das estruturas das duas aduanas, também segundo o Estado, está com 26% das obras previstas finalizadas.
Lado paraguaio
No Paraguai, o gargalo é ainda maior porque, além da conclusão da aduana, é preciso construir uma ponte de 500m sobre o Rio Monday, em Presidente Franco, cujas obras estão iniciando só agora. “Presidente Franco não está preparada para circulação de caminhões”, diz o presidente do Conselho de Desenvolvimento de Presidente Franco (Codefran), Ivan Leguizamón.
Empresários e entidades de Brasil, Paraguai e Argentina, representadas pelo Conselho de Desenvolvimento da Região Trinacional do Iguaçu (Codetri), se uniram recentemente para pleitear a liberação do trânsito na ponte no início de 2025 para carros de passeio, mesmo sem o término das obras de acesso, caso as aduanas brasileiras e a paraguaia sejam concluídas neste ano, diz o presidente Roni Temp.
Vice-presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Cargas (ABTC), Celso Gallegario diz que o atraso da Ponte da Integração prejudica o setor de logística da região, com aumento dos custos operacionais. Hoje, os caminhões vazios só podem voltar ao Brasil via Ponte da Amizade após a meia-noite. Isso, explica Gallegario, acarreta em maior consumo de combustível, horas extras para motoristas e custos adicionais com manutenção de veículos. “Os caminhões de exportação estão demorando em média 5 ou 7 dias para cruzar a fronteira. Com a abertura da Ponte da Integração, seriam necessários no máximo 3 dias”, prevê.
Ponte Bioceânica
Outra ponte entre os dois países é construída para interligar a cidade de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, e a paraguaia Carmelo Peralta. Hoje 60% concluída, a ligação é chamada de Ponte Bioceânica e deverá ficar pronta em novembro de 2025, segundo o governo brasileiro, mas os acessos devem demorar mais. Com 1,2 km de extensão, a obra consolidará a Rota de Integração Latino-Americana – rodovia de 2.400 km que sai de Campo Grande (MS), passa por Paraguai e Argentina e termina em Antofagasta, no litoral do Chile.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, as obras do acesso à ponte do lado brasileiro devem ser iniciadas agora em agosto, com custo de R$ 200 milhões e previsão de término no prazo de dois anos.