Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2024
O diretor da Eurasia para as Américas, Christopher Garman, avalia que as propostas defendidas pelo presidente eleito Donald Trump, nos Estados Unidos, devem dificultar a gestão da política fiscal e monetária no Brasil, e até mexer com a credibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A vitória de Trump complica a vida do governo Lula mais pelo aspecto macroeconômico global do que pelo aspecto diplomático bilateral”, avalia Garman, que fica baseado em Washington, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
De acordo com Garman, a volta do republicano à Casa Branca vai exigir que o governo Lula apresente um plano de corte de gastos mais ambicioso, à medida que a gestão Trump deve representar um dólar mais forte diante da expectativa de adoção de medidas protecionistas – o que deve pesar sobre o real. Por sua vez, o câmbio desvalorizado deve gerar mais inflação e dificultar o corte de juros no País.
“Um mundo com dólar forte, um Federal Reserve (o banco central americano) que não consegue cortar tanto os juros e riscos de menor aquecimento econômico na China e nos EUA, diante de um protecionismo maior, vão dificultar a capacidade do BC brasileiro de reduzir os juros na segunda metade do ano que vem”, prevê Garman.
Lula voltou a se reunir ontem com sua equipe econômica para avaliar eventuais medidas para a redução de despesas, mas o dia terminou novamente sem anúncios concretos. Uma nova reunião está marcada para hoje.
Além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participaram de um encontro com os titulares da Casa Civil, Rui Costa; do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Os ministros da Educação, Camilo Santana, e do Trabalho, Luiz Marinho, também estiveram na reunião. Conforme informações do jornal O Estado de S. Paulo, tanto Marinho quanto Santana vêm resistindo às propostas de cortes em programas sociais defendidas pela equipe econômica.
Agronegócio
Trump foi eleito o 47º presidente dos EUA sob a promessa de aumentar as tarifas de importação para parceiros comerciais, principalmente à China, nação com a qual ele já travou uma guerra comercial no primeiro mandato, entre 2017 e 2021.
Em seu plano econômico, o republicano promete impor uma alíquota de 60% ou mais às importações de produtos chineses, e taxas de 10% a 20% na entrada de mercadorias de outros países.
O Brasil é um importante fornecedor de alimentos para os EUA hoje: é o maior para o café, por exemplo. Outros itens agrícolas que têm peso na exportação para os americanos são suco de laranja, carne bovina, produtos da cana-de-açúcar, couro e soja.