Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2015
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Goiás (UFG) traçou um panorama de como é a atuação das mulheres que se prostituem em Goiânia. O estudo aponta que a maioria tem até 30 anos, exige relações com preservativo, é solteira e promove o sustento financeiro da casa e da família. Algumas delas chegam a receber até R$ 30 mil mensais.
No local conhecido como a “região dos motéis”, na capital do Estado, em função da grande concentração destes estabelecimentos e de profissionais do sexo, muitas reafirmaram os resultados do estudo.
O trabalho foi coordenado pelo professor Marcos André de Matos e se desdobrou em sua tese de doutorado na área de enfermagem. Ao todo, foram entrevistadas 402 mulheres.
Para chegar a todas elas, ele usou um método diferente, chamado Respondent-Driven Sampling (RDS), que em português significa “amostragem dirigida pelos participantes”.
“Para obtermos o número mais abrangente possível, distribuímos questionários para sete ‘sementes’, prostitutas que têm uma grande rede de contatos com outras profissionais. Elas passavam as perguntas para outras três mulheres, estas para mais três e assim sucessivamente”, explicou.
Desta forma, Matos conseguiu coletar dados das mais diversas profissionais que atuam nas ruas, bares, boates e cinemas eróticos.
Os resultados eram entregues pessoalmente e todas as participantes tinham o sangue coletado para realização de exames, além de receber preservativos.
O experimento concluiu que 70% das mulheres têm até 30 anos. Metade do total ficou apenas nove anos na escola.
A maioria, 80%, afirma possuir alguma religião. É grande também a quantidade de entrevistadas que sustentam a casa e outras pessoas – 69%. Apenas 13% disse que não utiliza preservativo em todas as relações. O número de parceiros estáveis em uma semana chega a sete.
Na Vila Nossa Senhora de Lourdes, às margens da BR-153, na área conhecida como “região dos motéis”, Manoela, de 24 anos, chamava a atenção na frente de uma boate.
Com um vestido vermelho, ela atraía a atenção pelo corpo escultural e diz que não tem problemas para conseguir clientes.
“Já cheguei a fazer 14 programas em um dia. Trabalho de segunda a sábado e ganho por dia uma média de R$ 700. Em um mês bom, já cheguei a tirar R$ 30 mil”, disse a jovem, confirmando os dados da pesquisa.
Ela está na atividade há um ano e meio. Saiu de Minaçu, no norte de Goiás, onde deixou o trabalho de garçonete e o salário mínimo que recebia. Foi em busca de um “nível de vida melhor” para ela e para o filho, de 5 anos. (Silvio Túlio/AG)