Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2019
Diversos homens seminus ocuparam vitrines do Bairro da Luz Vermelha de Amsterdã no sábado (3), exigindo direitos iguais para os prostitutos. O protesto é parte das comemorações do Dia do Orgulho Gay na capital holandesa, que atrai centenas de milhares de visitantes a cada ano e foi até domingo. As informações são do portal G1.
Num dos destinos turísticos mais sexualmente liberais da Europa, profissionais do sexo alugam as cerca de 300 vitrines disponíveis no bairro De Wallen para fazer propaganda de seus serviços. Normalmente são mulheres ou transgêneros: apesar de perfazerem 5% dos 25 mil profissionais da prostituição da Holanda, homens raramente são vistos.
A “ocupação” do Bairro da Luz Vermelha integra uma campanha do grupo My Red Light, que aluga quartos para sexo comercial e se empenha por melhores direitos e condições de trabalho para a classe.
A organização insiste que os prostitutos também necessitam de espaços seguros para operar, já que também eles vivenciam violência, abuso e exploração. “My Red Light” adverte que os participantes da sessão de fotografia são apenas modelos, não estando disponíveis para sexo.
Recentemente, Femke Halsema, a primeira prefeita na história de Amsterdã, anunciou planos para recuperar a reputação de De Wallen, atualmente vista como zona perigosa, infestada de turistas bêbados, despedidas de solteiro, tráfico humano e abuso de drogas. Na ocasião, a política “verde” e cineasta também notou um incremento da prostituição não licenciada e clandestina.
Mudança no Distrito da Luz Vermelha
No início de julho as prostitutas de Amsterdã, na Holanda, rejeitaram as propostas de mudanças que a prefeita da cidade pretende discutir no Distrito da Luz Vermelha, região da cidade onde esse tipo de serviço é prestado há séculos, no centro.
A prefeita Femke Halsema propôs quatro possíveis mudanças para o funcionamento das casas.
As ideias iniciais da prefeita são: baixar as cortinas das vitrines; mudar o Distrito da Luz Vermelha para outra região; fechar as janelas; manter as janelas, mas incluir novas formas de oferecer o serviço, como hotéis de prostituição.
A principal associação composta por profissionais do sexo da Holanda, a Proud, é contra todas as propostas.
“Baixar as cortinas ou fechar as janelas passa a mensagem de que devemos ter vergonha de nossos corpos e que a situação atual é degradante. Não é”, afirma Lilly, uma norte-americana que trabalha em uma das vitrines.
Ela prefere não ser identificada pelo nome verdadeiro.
As opções que se apresentam tornam as condições de trabalho pior, ela argumenta.
“Retirar espaços nos forçará a trabalhar fora do sistema. Não pararemos de vender sexo, só que o faremos em piores condições. As janelas são visíveis e centrais, e isso nos deixa seguras; estamos perto de policiais, os agentes de saúde passam pela região com frequência”, afirma ela.
Abusos de turistas, tráfico de mulheres e crimes
A prefeita Femke Halsema afirmou que as mudanças seriam formas de proteger os direitos das garotas de programa, prevenir crimes e reduzir distúrbios causados por turistas.
Nem todos os turistas são ruins, afirma Lilly. “Há, sim, os que tratam a área como a selva deles e são desrespeitosos, mas tratar a todos como abusivos é um exagero e simplificação.”
O argumento dela sobre as denúncias de tráfico de mulheres é semelhante: existe, mas não há dados confiáveis a respeito do crime, e é comum que eles sejam grosseiramente exagerados.
“A prefeita tem boa intenção, é bom pensar em proteção, mas as propostas feitas e a linguagem que usam é insultante, honestamente. Há essa ideia subjacente de que somos vulneráveis. Eu pago aluguel para ficar lá (no Distrito da Luz Vermelha), nós temos controle sobre nosso trabalho”, afirma Lilly.