Mais de 750 manifestações contra a política linha-dura de imigração do presidente Donald Trump foram programadas para este sábado (30) nos Estados Unidos. Protestos, que incluíram uma marcha de dezenas de milhares de pessoas da Casa Branca ao Capitólio, ocorrem à medida que aumentam os pedidos de ativistas pelo fim da corporação de controle migratório do governo, a Agência de Imigração e Alfândega (ICE, Immigration and Customs Enforcement), além da reunião das famílias separadas na fronteira sul. As informações são do jornal O Globo.
“Estamos protestando em Washington DC e em todo o país”, afirmaram os organizadores da manifestação Families Belong Together (”famílias devem ficar juntas”) em seu site.
O protesto em Washington começou na Lafayette Square, bem em frente à Casa Branca, antes de seguir até o Capitólio, sede do Congresso americano. Milhares de pessoas – organizadores estimaram 30 mil – lotaram o centro de Washington gritando “vergonha”.
“Isso vai contra tudo o que representamos como país”, disse à Reuters a manifestante Paula Flores-Marques.
Quem chamou a atenção foi uma brasileira. Identificada apenas como Jocelyn, ela tomou o microfone para falar de sua experiência, em espanhol. Segundo Jocelyn, ela veio com seu filho desde o Brasil em agosto passado. Acabaram separados, com ela detida por dois meses no Texas. Só se reuniram nove meses depois.
“Passei muitos dias doente e sem esperança. Queria me juntar a esta briga para recuperar meu filho e por todas as mães que estão sofrendo longe de seus filhos.”
Em Nova York, a marcha pró-imigrantes lotou a Brooklyn Bridge, símbolo de uma das cidades mais cosmopolitas do mundo. Estavam presentes adultos, idosos e crianças.
“Digam alto, digam claramente. Os refugiados são bem-vindos!”, cantavam, em coro.
Já na californiana São Francisco, tida como a cidade mais progressista do país, o lema repetido foi “famílias pertencem a elas mesmas, unidas”.
“Falam em tolerância zero, mas na realidade é uma completa falta de empatia”, afirmou ao “San Francisco Chronicle” Steve Rapport, voluntário de um grupo anti-Trump.
Dias antes, mais de 500 mulheres, incluindo a atriz Susan Sarandon e uma congressista, foram detidas no complexo do Capitólio durante um protesto contra a política migratória de Trump.
“Estamos aqui porque as crianças que estão sendo detidas não têm voz”, afirmou Helen LaCroix, 40 anos, mãe de duas crianças.
Em uma tentativa de deter o fluxo de dezenas de milhares de migrantes na fronteira Sul dos Estados Unidos, Trump ordenou em maio a prisão dos adultos que entram no país de modo ilegal, incluindo aqueles que solicitam asilo. Muitos dos que tentam atravessar a fronteira entre EUA e México são pessoas pobres que fogem da violência das gangues e de outros problemas na América Central.
Como resultado da repressão ordenada por Trump, centenas de crianças foram separadas de suas famílias e mantidas em jaulas, uma prática que provocou indignação nacional e mundial. Entre elas, o Itamaraty contabiliza 58 brasileiras.
Na semana passada, Trump assinou uma ordem para acabar com a separação das famílias, mas advogados especializados em imigração dizem que o processo de reunião será longo e caótico. Quase 2 mil crianças foram separadas de seus pais, segundo números oficiais divulgados no fim de semana passado.
Neste sábado, Trump tuitou várias mensagens em apoio à agência migratória.
“Os democratas estão fazendo um grande esforço para suprimir a ICE, um dos grupos de homens e mulheres mais inteligentes, mais duros e com mais espírito da lei que eu já vi. Vi a ICE liberar cidades da tomada de (gangue) MS-13 e resolver as situações mais difíceis. São geniais!”, escreveu.
Em uma segunda mensagem, pediu aos “corajosos homens e mulheres” da ICE que “não percam seu espírito”.
“Estão fazendo um trabalho fantástico para nos manterem seguros, erradicando os piores elementos criminosos. Muito corajosos! Os democratas esquerdistas radicais querem vocês fora. Depois será toda polícia. Zero chance, isso nunca acontecerá!”, acrescentou.