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Mundo Protestos contra assédio sexual, violência contra a mulher e má-conduta ganham o mundo

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Em protesto, atrizes foram vestidas de preto à premiação do Globo de Ouro. (Foto: Reprodução)

A ameaça à conquista de direitos sociais. A reação à falta de representatividade das instituições. A possibilidade de união de pessoas com o mesmo ponto de vista nas redes sociais. Há diversos motivos para explicar o aumento de movimentos ativistas. Denúncias de assédio sexual, violência contra a mulher e má-conduta ganharam o mundo, assim como outros temas, como o racismo, a violência de gênero, a homofobia e a corrupção. As informações são do jornal O Globo.

Para o antropólogo Roberto DaMatta, o aumento da militância em diversos assuntos está ligado à indisposição da sociedade em continuar evitando debates polêmicos. “As pessoas estão mostrando que é profundamente desgastante estarem sujeitas a situações de injustiça”, opina DaMatta, que é professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio. “Estamos mais dispostos a discutir situações que, alguns anos atrás, eram tabus. Durante a História, as opiniões mudam, as éticas, as modas. E este debate leva a transformações profundas na estrutura de poder.”

Diretora-executiva do Nossas, um laboratório de ativismo que cria ou incuba projetos de mobilização social, Alessandra Orofino assinala que existe uma descrença generalizada em instituições tradicionais, o que levou a sociedade a buscar novos modos de manifestação.

“Vivemos um momento de falta de fé no Estado e na Igreja, que mediavam os conflitos da sociedade”, lamenta a economista. “É natural, então, que as pessoas procurem formas independentes para conseguir as mudanças que querem ver no mundo. O ativismo é uma reação vibrante ao vácuo de poder e ao colapso de credibilidade na democracia, visível em diversas áreas, da carência na área social à corrupção na política.”

Alessandra pondera que os ativistas não devem restringir sua ação ao momento em que os temas estão sob os holofotes. “É importante explorar momentos de comoção política, como a atual conversa sobre assédio sexual, mas não podemos nos contentar com vitórias pontuais”, assinala. “Precisamos criar organizações que mantenham o debate e apoiem políticas públicas sobre o tema. O ativista, porém, deve ser mais fiel à sua causa do que a um projeto de poder.”

Professora do Departamento de Ciências Políticas da Unicamp, Angela Maria Carneiro Araújo acredita que as ondas de protesto e mobilizações são uma reação ao crescimento de correntes conservadoras nos governos de diversos países, que tentam impor novos costumes e moralidades.

“Hoje vemos um retrocesso em relação às mudanças que os movimentos sociais conquistaram ao longo de décadas”, avalia. “A mobilização da sociedade civil é visível em políticas voltadas para o trabalhador, para questões de identidade [como o feminismo e os direitos da população LGBT], para problemas ambientais. Isso porque o ativismo sempre serviu como motivador à elaboração de políticas públicas.”

O protesto no tapete vermelho de Hollywood, domingo, ecoou durante a semana. No dia seguinte à cerimônia, cem personalidades francesas, incluindo a atriz Catherine Deneuve, defenderam a “liberdade de importunar” dos homens, considerada por elas “indispensável para a liberdade sexual”. Nova reação veio quando cerca de 30 ativistas e intelectuais do país publicaram artigo no site da France TV rebatendo a posição: “aceitar insultos é permitir a violência”, declararam, comparando Deneuve e outros críticos do movimento contra abusos sexuais ao “tio inconveniente do jantar em família”.

O mais novo protagonista dos escândalos sexuais é James Franco. O jornal “New York Times” cancelou um debate com o ator, vencedor do Globo de Ouro, após a atriz Ally Sheedy o acusar, no Twitter, de má conduta. Outras mulheres fizeram em seguida a mesma denúncia. Franco afirmou que as críticas não são “precisas”.

O poder adquirido pelas mobilizações nas mídias sociais, já que a internet acelerou a velocidade da circulação de informações, tem sido um dos principais combustíveis da atual onda de ativismo. Miriam Gorender, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, admite o potencial da internet, mas tem ressalvas sobre o modo como ela é usada para criar movimentos ativistas.

“A mobilização cresceu, mas nem sempre isso é uma boa notícia, porque há também muito radicalismo”, diz a psiquiatra, professora do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Universidade Federal da Bahia, que destaca como as iniciativas de impacto são fundamentais para promover mudança. “Em geral há mudanças interessantes, principalmente na área de direitos humanos e questões de sexualidade.”

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https://www.osul.com.br/protestos-contra-assedio-sexual-violencia-contra-mulher-e-ma-conduta-ganham-o-mundo/ Protestos contra assédio sexual, violência contra a mulher e má-conduta ganham o mundo 2018-01-13
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