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Política Proximidade das eleições e vaias de petistas levam governadores de oposição a evitar agenda pública com Lula, que cancelou viagens a redutos bolsonaristas

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Lula tem enfrentado cenário mais hostil nos Estados, nos últimos meses, às vésperas das eleições municipais. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Depois de um primeiro ano de governo marcado pela presença de governadores de oposição em agendas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos Estados, o petista tem enfrentado cenário mais hostil nos últimos meses, às vésperas das eleições municipais. Ao mesmo tempo em que cancela eventos em redutos do bolsonarismo, Lula vê chefes de Executivos nos maiores colégios eleitorais do país se ausentarem de eventos públicos — nos quais, quando comparecem, costumam ser vaiados pela militância do presidente.

Nos últimos dias, Lula participou de inaugurações nos três maiores estados — São Paulo, Minas Gerais e Rio —, mas não teve a companhia de governadores em nenhum deles. No caso paulista, nem mesmo o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), prestigiou a solenidade, o que motivou críticas do presidente a ele e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial adversário do petista na disputa presidencial de 2026.

Em Minas, Romeu Zema (Novo) enviou o vice, Professor Mateus Simões (Novo), que foi vaiado. O presidente saiu em defesa do alvo da militância, classificado por ele como um “convidado” que “merece respeito”. O mesmo ocorreu na ida ao Recife, na terça-feira, quando a governadora Raquel Lyra (PSDB) também foi vaiada, mesmo ao lado do presidente no palanque.

Quem costumava comparecer às visitas do presidente no Rio, mas não esteve no último fim de semana, foi o governador Cláudio Castro (PL), também vaiado mais de uma vez por apoiadores do PT ao acompanhar Lula em solo fluminense.

Entre aliados do presidente, existe a leitura de que as eleições de outubro exercem papel crucial nessa mudança de postura de governadores e prefeitos. Com o bolsonarismo estridente das redes sociais, eles não querem ter que responder aos apoiadores por que motivo estão posando lado a lado com Lula. Além das municipais, a proximidade da disputa presidencial de 2026 ajuda a pintar um ambiente menos propício às aparições — sobretudo no caso de Tarcísio, já atento à necessidade de se posicionar como opositor.

O caso citado como exemplar dessa mudança de postura é mesmo o de São Paulo, cidade em que Lula pretende ser atuante na tentativa de eleger Guilherme Boulos (PSOL), principal adversário de Nunes na disputa deste ano. Apoiado por Tarcísio e pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, o atual prefeito não tem interesse em aparecer ao lado de Lula neste momento, e Boulos, hoje deputado federal, esteve nas entregas feitas pelo presidente no fim de semana passado, o que aumentaria o “climão”.

Assinatura em SP

Durante o anúncio de um acordo de expansão do metrô, o presidente comentou que adiaria a assinatura da medida por causa da ausência de Tarcísio e Nunes. Na segunda (1º), o governador ironizou. Ao publicar uma foto em que aparece almoçando hambúrguer, o chefe do Palácio dos Bandeirantes escreveu que estava “com a tranquilidade de quem sabe que o aditivo do contrato que vai levar a Linha 5 do Metrô até o Jardim Ângela já está assinado”.

Em fevereiro, o roteiro foi diferente: Tarcísio participou de evento com Lula e caiu na gargalhada ao ouvir gritos de “volta para o PT”, referência ao período em que trabalhou no governo Dilma Rousseff.

No Rio, há descompasso entre o grau de envolvimento de Castro e do prefeito Eduardo Paes (PSD) nas aparições de Lula. Paes desponta como o principal chefe de Executivo do Sul e do Sudeste, nas esferas municipal e estadual, a abrir palanque para o presidente. Nas agendas do petista na cidade este ano, o prefeito prestigiou quase todas — muitas delas eram entregas da própria prefeitura com algum auxílio federal.

Castro, por sua vez, tem como candidato na eleição carioca o deputado federal Alexandre Ramagem (PL). Mesmo após vaias, ele não deixou de estar ao lado do presidente em anúncios de obras ou solenidades a portas fechadas, mas passou a se ausentar recentemente.

A maioria desses eventos nos últimos meses marcava parcerias entre o governo federal e a prefeitura de Paes — nos quais, segundo aliados do governador, a presença dele não faria sentido.

Agendas canceladas

Além de ver governadores de oposição de fora dos palanques de entregas, Lula cancelou agendas que teria em redutos bolsonaristas, como Santa Catarina e Goiás. No caso catarinense, a visita do presidente, planejada para esta semana, seria em data próxima à Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), fórum que reunirá figuras da direita latina em Balneário Camboriú.

A estrela do evento que ocorre no sábado (6) e domingo (7) é o presidente argentino, Javier Milei, que chamou Lula de “comunista” e “corrupto” — o brasileiro foi orientado a evitar respostas. O governador do estado, Jorginho Mello (PL), é dos mais ferrenhos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em Goiás, o presidente visitaria a capital Goiânia e Aparecida de Goiânia, hoje, mas cancelou a viagem por “choque de compromissos”. Também apoiador de Bolsonaro, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é um dos nomes que disputam votos no campo da direita em 2026 diante da inelegibilidade de Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral.

A correlação de forças nos principais governos estaduais, na esteira da força bolsonarista, é diferente da que Lula encarou nos primeiros mandatos. Hoje, dos estados mais populosos, apenas os do Nordeste têm governadores considerados mais abertos ao petista.

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