Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de fevereiro de 2025
Aliados de Gilberto Kassab, presidente do PSD, afirmam que a possibilidade de um acordo para a fusão é quase nula.
Foto: Marcos Oliveira/Agência SenadoO PSD rejeita se fundir ao PSDB para formar um novo partido e busca convencer os tucanos a aceitarem a incorporação. Na prática, resultaria na extinção do PSDB enquanto sigla. Aliados de Gilberto Kassab, presidente do PSD, afirmam que a possibilidade de um acordo para a fusão é quase nula.
Na lista de motivos do PSD para rejeitar a fusão está o risco de uma possível debandada na Câmara. Atualmente, o PSD tem uma bancada de 44 deputados federais, enquanto o PSDB tem 13 representantes. Conforme a advogada Maíra Recchia, especialista em Direito Eleitoral, na fusão, deputados dos partidos envolvidos podem trocar de legenda sem perder o mandato, o que justifica o temor do PSD.
“O TSE entende fusão de dois ou mais partidos políticos submete seus filiados a uma mudança substancial de programa partidário, visto que a orientação e o estatuto originais das legendas pelas quais se elegeram não mais existem. Com isso, há justa causa para desfiliação sem a perda do mandato. Já na incorporação, apenas deputados do partido incorporado, neste caso o PSDB, poderiam deixar a sigla”, afirma a especialista.
Há também uma justificativa burocrática, segundo aliados de Kassab. Na fusão, como explica Maíra, os órgãos nacionais de deliberação dos dois partidos precisam votar, em reunião conjunta e por maioria absoluta, os projetos comuns de estatuto e programa, além de eleger o órgão de direção nacional que ficará responsável por promover o registro do novo partido. Se o PSDB for incorporado, o partido de Kassab fica isento dessas obrigações e mantém sua estrutura atual, pois os tucanos é que adotariam o estatuto e o programa do PSD.
Correligionários de Kassab justificam que o PSD vive um período de ascensão: tem o maior número de prefeituras do País e está bem posicionado nas principais regiões para as próximas eleições. Por isso, argumentam, não faria sentido reabrir discussões sobre todas as instâncias partidárias neste momento. Além disso, o cacique tem pressionado pela incorporação para manter o controle do partido.
Interlocutores de Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, dizem que a ideia de incorporação enfrenta resistência interna, pois resultaria no cancelamento do registro do PSDB, fazendo com que o partido desaparecesse das urnas. A fusão, por outro lado, é bem recebida pela maioria da sigla. Ao Estadão, Perillo disse que o PSDB está sendo procurado por “vários partidos” dada a sua importância histórica.
O deputado federal Beto Richa, ex-governador do Paraná por dois mandatos e membro da Executiva do PSDB, está entre os que preferem a fusão, embora não veja a incorporação como um obstáculo intransponível.
“Incorporação acho ruim. Não soa bem, pelo histórico do partido. É ruim o partido de repente deixar de existir e ser abocanhado por outro. Mas as conversas estão evoluindo e infelizmente não haverá unanimidade ou consenso”, disse ele.
O ex-governador, no entanto, garante que não será um empecilho caso a decisão seja pela incorporação e afirma ter boa relação com todos os partidos com os quais o PSDB negocia, incluindo PSD, MDB e Podemos.
As contrapartidas oferecidas pelo PSD podem ajudar a convencer os tucanos a aceitarem a incorporação. Uma das propostas de Kassab é garantir ao PSDB espaço na Executiva da sigla. Outra envolve dar a Perillo o controle dos recursos do fundo eleitoral oriundos do PSDB.