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Carlos Roberto Schwartsmann Pseudocharlatanismo

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São oferecidas nove vagas em Clínica Geral, Ortopedia, Psiquiatria e Medicina do Trabalho. (Foto: EBC)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Charlatanismo é a ação ou comportamento de um charlatão. O termo é derivado do italiano: “Ciarlare”, isto é, conversar. O charlatão é um conversador!!

É alguém que ludibria outro, oferecendo vantagens fraudulentas e não comprovadas. Ocorre principalmente na medicina no tratamento de doenças de difícil resolução. Mas isto pode ser, segundo a legislação brasileira, crime de charlatanismo… “é a conduta de incular ou anunciar cura por meio secreto ou infalível”.

Pode dar até prisão! Até hoje ninguém foi preso por isso.

O pseudocharlatão é o estelionatário da medicina que promete cura através de métodos não comprovados e com bases científicas questionáveis e duvidosas.

No passado era confundido com curandeirismo. O curandeiro viajava de cidade em cidade oferecendo seus produtos que curavam tudo. Desde câncer até resfriado.

Hoje os charlatões tem formas sofisticadas de vender seus produtos: no radio, na TV, nas redes sociais e na internet. Tudo é permitido pelo Conselho Federal de Medicina.

Na maioria das vezes as vítimas são doentes crônicos que ainda não foram beneficiados pelos avanços da medicina: câncer, aids, artrites… São pacientes mais idosos, preocupados com envelhecimento e comprometimento lento e gradual dos seus órgãos e sistemas.

O pseudocharlatão promete que vai crescer cabelo! Promete perda de peso sem dieta ou exercícios. Apresenta fórmulas miraculosas. Pública várias histórias e depoimentos de pacientes muitos satisfeitos com o tratamento que foram submetidos. Na área da ortopedia vendemos infiltrações que vão substituir ou regenerar a cartilagem. Fizemos autotransfusão de sangue com células tronco. Oferecemos cirurgias especiais sem nenhum risco.

Os pseudocharlatões costumam criar conflitos com os planos de saúde, pois estes excepcionais tratamentos geralmente são caros e os comitês científicos dos convênios aconselham a não permissão do uso dos mesmos.

Argumento com meus pacientes que se estas mágicas mirabolantes forem eficazes, o colega seria merecedor de um prêmio Nobel. Em 524 anos nenhum brasileiro recebeu esta honraria. Teria o prazer de bater palmas de pé ao colega que conseguir tal façanha.

Alguns médicos tem plena consciência da ineficácia do tratamento, mas argumentam que esta técnica moderna tem 70% de chances de sucesso. Na verdade é de 30%, igual ao do placebo!

Quando o paciente questiona decepcionado, que o resultado não foi o esperado, o embusteiro argumenta: “conforme lhe avisei em alguns casos a técnica ou o procedimento pode falhar. Infelizmente este foi o seu caso”!

Entretanto a maioria dos médicos que se envolvem em pequenas charlatanices, agem sem má-fé. São desinformados, incautos, inexperientes ou induzidos.

Como nunca na história do País, tivemos tantos médicos mal preparados, mais de 600 mil, o número de pseudocharlatões deverá aumentar!!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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