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Psicanalista e socióloga lança livro sobre a crise do amor romântico e o poder da amizade entre as mulheres

A autora carioca Ingrid Gerolimich. (Foto: Divulgação)

O livro “Para revolucionar o amor: a crise do amor romântico e poder da amizade entre as mulheres”, primeiro da psicanalista, socióloga, documentarista e apresentadora Ingrid Gerolimich, foi lançado nessa sexta-feira (8). A obra, publicada pela editora Claraboia, nasceu a partir de um artigo publicado na revista TPM, que questionava frustrações e pressões da vida das mulheres. A autora busca em filósofos, pesquisadores e estudiosos a origem dessas questões e caminhos para subvertê-las.

“Esse livro faz parte do meu próprio percurso analítico, nele, escrevo e dialogo com outras mulheres tanto quanto escrevo e dialogo comigo”, diz Ingrid.

A autora fala sobre como a sujeição das mulheres foi construída na história por meio de uma narrativa que rebaixa suas capacidades intelectuais, sociais e emocionais e centraliza sua vida nos deveres reprodutivo e familiar. A psicanalista pontua:

“Acreditamos por muito tempo que o amor romântico é para nós uma vocação e um destino inquestionável, e, que a impossibilidade de o viver significaria uma vida menos vivida, pior, uma existência fracassada.”

A escritora defende ainda que, assim como muitas estudiosas que ela traz para o livro, como Bell Hooks, Hannah Arendt, Audre Lorde e Alexandra Kollontai, seu propósito não é ir contra o amor ou o romantismo. O objetivo dela é ir contra o que se estabeleceu socialmente como normal e não é benéfico para as mulheres.

“O amor não subjuga, ele liberta, mas para isso é preciso ser exercido enquanto uma ética, solidária, democrática e coletiva, e, não como instrumento discursivo para auxiliar na manutenção do poder patriarcal”, ressalta Ingrid.

O livro sugere que as amizades sejam a força que desloca o amor romântico do protagonismo que hoje ostenta. Para a autora, a amizade entre mulheres desafia normas de gênero estabelecidas, que insistem em romantizar a dependência emocional e a submissão feminina.

Ela diz: “Em vez de buscar a validação e a completude através de parceiros românticos, as mulheres podem encontrar em suas amizades um espaço de troca e libertação das amarras que as impedem de ir além”.

Quem é a autora?

Natural de Anchieta, bairro da zona norte do Rio, Ingrid hoje mora em Copacabana e é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem formação em Psicanálise pela Sociedade Psicanalítica Iraci Doyle.

Em 2020, a autora lançou o curta-metragem “Revolução dos afetos”, que fala sobre solidão na contemporaneidade. Dois anos depois, criou e dirigiu o documentário “Explante”, que acompanha seu próprio processo de retirada das próteses de silicone e levanta o debate sobre a pressão estética na saúde das mulheres.

Em 2023, ela esteve à frente do “Brasil no divã”, uma série de entrevistas no canal da Carta Capital no YouTube. O objetivo era analisar e refletir sobre as principais questões humanas da contemporaneidade.

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