Martha Beck é psicóloga, PhD e autora que frequenta a lista de best-sellers do jornal “The New York Times”. Seu mais recente livro, “Beyond anxiety – curiosity, creativity, and finding your life´s purpose” (“Além da ansiedade: curiosidade, criatividade e a busca de um propósito de vida”), acaba de ser lançado nos Estados Unidos. Ela diz que sempre escreveu para tentar entender e resolver seu próprio sofrimento.
Sobre a nova obra, Beck afirma que o cérebro tende a ficar preso numa espécie de espiral de ansiedade: um processo que se retroalimenta e se prolonga indefinidamente. “É uma epidemia contemporânea”, analisa, acrescentando que a saída tem que ser construída através da “espiral da criatividade, que afasta a ansiedade e cria um senso de propósito e significado para a vida”.
Beck ensina que podemos enfrentar nossos temores sem nos tornarmos reféns da ansiedade, que embota os sentidos, destruindo a intuição – uma poderosa aliada para resolver problemas. Aqui estão alguns pontos abordados no livro:
Medo x ansiedade
Enquanto o medo é um mecanismo fundamental para sobrevivermos, porque nos faz evitar situações de perigo, a ansiedade se alimenta de hipóteses (“e se…”) e cenários negativos que talvez nunca se concretizem. O medo pode salvar nossa vida, já a ansiedade nos ameaça – e aprender a diferença entre um e outro é fundamental.
Sem pânico – Diante de fatos que nos provocam a sensação de que o mundo à nossa volta está desmoronando, não adianta entrar em pânico, nem adotar um comportamento frenético. Ao contrário: preparar-se para enfrentar momentos de turbulência demanda calma e foco.
Construa sua fortaleza – Seres humanos vivem de conexões com outros seres humanos. Procure suas pessoas: aquelas com as quais se sente à vontade, que compartilham seus valores e que lhe dirão a verdade, mesmo que isso não seja o que você quer ouvir. Elas serão a âncora num mar de incertezas.
Ouça sua intuição – A intuição fala baixinho, ela não tem uma voz alta e estridente, mas fique atento (a) aos avisos que chegam do fundo da sua mente.
Abrace o agora – Não fique preso (a) a ruminações sobre o passado ou hipóteses sobre o futuro, nem tente controlar coisas sobre as quais você não tem qualquer poder. Mantenha-se no presente. Aproveite e viva o momento, sem temer o que pode acontecer, e sim agradecendo pelo que está acontecendo agora.
Prática diária de paz
Passe de cinco a dez minutos em quietude e silêncio. Respire profundamente e se libere do medo naquele instante.
Pergunte-se diariamente: o que posso fazer hoje para me proporcionar um dia tranquilo?
Seja fiel à resposta. Pode ser algo prático, como comprar pilhas, ou relacionado ao autocuidado, como descansar.
Beck explica que, ao longo de nossas vidas, muitas vezes somos levados a acreditar que não somos suficientemente bons, ou de que há algo errado conosco. O caminho para se livrar desse sentimento de culpa ou vergonha passa pela autocompaixão e autoaceitação. “A primeira coisa de que precisamos é um grande desejo de sermos nós mesmos”, resume.
Ela utiliza a expressão mended path (o caminho remendado, ou consertado) porque todos nós sofremos golpes que nos quebram por dentro, mas podemos juntar os pedaços e nos tornar algo melhor do que antes. Os japoneses chamam de kintsugi a técnica de reparar peças de cerâmica ou louça usando cola ou laca misturadas com ouro, prata ou platina em pó – em vez de esconder as imperfeições, o resultado valoriza as “cicatrizes”.
Próximo passo
O passo seguinte é reposicionar sua trajetória em busca de um novo propósito, a partir de três ações com a letra N (em inglês):
• Notice (notar, tomar conhecimento): pense no que lhe interessa de uma forma bem ampla e faça uma lista com todas essas possibilidades.
• Narrow (estreitar, encolher): vá diminuindo a lista, priorizando o que tem significado para você.
• Name (nomear): chegue ao seu propósito.