Com acesso à internet, smartphones e videogames, os idosos estão cada vez mais conectados, trazendo inúmeros benefícios para o sistema cognitivo. Segundo o psicólogo André João de Paiva Rosa, de Itapetininga (SP), videogames são uma ótima ferramenta para estimulação cognitiva, pois melhoram e estimulam habilidades como a memória, raciocínio logico e a interação social.
“Os idosos que realizam essas atividades, antigamente eram com jogos de tabuleiro, mas hoje com os jogos digitais, as estimulações são muito maiores e diminui o risco do declínio cognitivo pois exercita o cérebro”, explica.
As jogatinas também podem ajudar no bem-estar, na produção de dopamina – neurotransmissor que influencia as emoções -, desencadeando felicidade e satisfação ao completar uma fase ou um desafio, ressalta o psicólogo.
“Existem vários jogos e aplicativos de dança também, ou que usam outros movimentos corporais, isso vai estimular a atividade física”, acrescenta André.
André também explica que a diversão e inclusão digital de idosos, pode ser um aprendizado cultural. Atualmente, diversos jogos possuem narrativas extensas e complexas, que contam histórias fictícias ou reais, evolvendo outros países, idiomas e costumes.
A apresentação de novas línguas, desafios e quebra-cabeças estimulam a neuroplasticidade – capacidade do sistema nervoso de sofrer alterações e adaptações após ter contato com novas experiências – , o que segundo André, além de evitar o declínio cognitivo dos idosos, também previne episódios de ansiedade e estresse.
Apesar de trazer diversos benefícios, o psicólogo salienta que a interação com a tecnologia deve ser moderada. “pode ser muito benéfica, mas o mundo offline também é importante. É necessário identificar a qualidade e os níveis destas interações com a tecnologia”, explica.
Conflito de gerações
O especialista acrescenta que alguns idosos podem ter certa resistência para aderir às novas tecnologias, devido aos conflitos entre as gerações.
“As pessoas acima de 60 anos possuem hábitos e maneiras diferentes de se divertir, que as vezes, acabam nem envolvendo o ‘mundo online’ de smartphones, games, computadores e redes socais, que estão presentes no cotidiano dos filhos, netos ou amigos”.
André também acrescenta que esta relutância pode estar associada à dificuldade de aprender algo novo. Por este motivo, é necessário ter paciência ao auxiliar aqueles que desejam conhecer e se habituar às tecnologias.
Vovô gamer
Um exemplo de que videogames fazem bem à saúde mental, é Aloísio José da Silva, morador de de Tatuí (SP). Aos 82 anos, o “vovô gamer” é fã da franquia de jogos de terror “Resident Evil”.
O idoso joga todos os dias há 16 anos. De acordo com ele, cria estratégias para passar de fases, resolve quebra-cabeças e até decora os diálogos dos personagens, que são em inglês e espanhol.
Para Aloísio, os jogos eletrônicos proporcionam ótimos momentos com as netas.
“Eu acredito que o videogame é essencial para os idosos. Na hora que eles estiverem pensando nos problemas, nas contas, coisas assim, vão lá e liga o videogame e começa a jogar. Minha cabeça ficou tão boa, quando não passo alguma fase eu paro um pouco, faço uma pipoca e volto tentar e passo tranquilo, é a melhor coisa que tem. O videogame na minha vida foi importantíssimo, a gente enfrenta uns zumbis e ainda melhora de saúde”, conta Aloísio.