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Política PT abraça Haddad e ensaia passos da estratégia pós-Lula

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A popularidade do governo despencou e a credibilidade de Haddad também.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A popularidade do governo despencou e a credibilidade de Haddad também. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Nos primeiros dois anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o PT não titubeou ao fazer críticas que deixavam o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como o malvado do “austericídio”, termo cunhado pelo partido. Nessa época, o ministro andava com bom trânsito no mercado financeiro que o poupava nas queixas sobre o descontrole da gestão Lula 3 com as contas públicas.

Mas, sem o ajuste, a inflação e os juros dispararam. A popularidade do governo despencou e a credibilidade de Haddad também. A aprovação do seu trabalho pelo mercado financeiro derreteu de 41% em dezembro para 10%.

Rejeitado pelo mercado, Haddad foi abraçado novamente no PT, assumiu o papel de garoto propaganda do novo Imposto de Renda – para ajudar Lula, o governo e o PT a saírem das cordas – e calibrou o discurso à esquerda. Postura que lhe devolve o protagonismo como alternativa para o pós-Lula.

Se em novembro de 2024 Haddad apareceu meio tímido, no pronunciamento em cadeia de rádio e televisão sobre um pacote de corte de gastos que embutiu o novo imposto de renda no meio, agora é diferente. Ele mostra querer a paternidade do projeto do novo IR, que tem forte apelo na classe média, parcela enorme do eleitorado.

Na última semana, o ministro deu uma série de entrevistas. Reuniu-se com a Executiva Nacional do PT para detalhar o tema e outras pautas populares da economia, como o consignado, e assumiu o discurso petista com uma coletânea de frases de efeito.

Vale listar algumas das declarações.

1. Haddad comparou a pesquisa Quaest com levantamento em mesa de bar.

2. Disse que ninguém cobra economistas por barbeiragens nas previsões.

3. Avisou que vai enfrentar a taxação dos mais ricos.

Dentre outras afirmações que deixaram os correligionários felizes. Nos bastidores, a avaliação é que ministro resgatou as vestes de político. Afinal a lógica populista da sigla é de que “se o mercado reprova, agora Haddad é bom para o partido”, pois embala o discurso da esquerda.

Embora fraco se a discussão for sobre o controle fiscal, Haddad ainda é o nome mais forte do PT para o pós-Lula. Mas a recente crise do Pix – que gerou inclusive reprimenda do presidente – e a fama de “Taxad” macularam sua imagem frente ao eleitorado. Avaliações internas no PT mostram que esses temas repercutem mal, principalmente na população de classe média, onde o partido precisa avançar.

O novo IR abre, então, um diálogo com esse público. A ideia é dizer que Lula e Haddad oferecem alívio nos impostos. Com uma aprovação rápida no Congresso, a entrada em vigor da tabela corrigida vai coincidir com o calendário eleitoral. A declaração do IR começa em março de 2026 e deve alegrar 10 milhões de brasileiros que entrarão para a faixa de isenção. (Roseann Kennedy/Estadão Conteúdo)

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