Domingo, 13 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2025
Sem consenso em torno da candidatura de Edinho Silva, tido como favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dirigir o partido, o PT aprofundou sua fragmentação interna nesta semana com o lançamento de mais dois nomes na disputa. O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que já presidiu o PT em duas ocasiões, e o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que tem força na máquina partidária, apresentaram suas candidaturas para a eleição, marcada para 6 de julho, e embaralharam a costura feita até então por Edinho pelo apoio de diferentes correntes do partido.
Ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho se articula com petistas do primeiro escalão do governo Lula e lideranças de estados como São Paulo e Bahia. Falcão, por sua vez, tem sinalizações de apoio de correntes minoritárias, como a Novo Rumo, da qual faz parte, e busca avançar sobre uma fatia da Construindo um Novo Brasil (CNB), grupo de Lula.
Edinho tentou nos últimos dias obter garantias de que seria o único candidato da CNB, corrente hegemônica no partido. O plano, porém, foi atrapalhado agora pelo lançamento de Quaquá, que é vice-presidente do PT e também faz parte da CNB. , Ao blog da coluna de Malu Gaspar, Quaquá afirmou que buscará uma aliança com Falcão e com outro candidato na eleição petista, Romênio Pereira, do grupo Movimento PT.
Um dos mais insatisfeitos com Edinho dentro da CNB, Quaquá vinha ameaçando se lançar candidato caso o ex-prefeito de Araraquara fosse “imposto” ao grupo. Ele também vinha defendendo que o senador Humberto Costa (PT-PE), atual presidente do PT, se colocasse a um novo mandato. Costa, porém, já afirmou que só concluirá o mandato-tampão para o qual foi eleito, até julho, depois que Gleisi Hoffmann se licenciou do partido para assumir a Secretaria de Relações Institucionais no governo Lula.
O lançamento de Quaquá ocorreu no dia seguinte a uma reunião entre Edinho e Costa, noticiada pela colunista Bela Megale, na qual o ex-prefeito tentou unificar a CNB em torno de seu nome. O principal empecilho, porém, segue sendo a distribuição de cargos no diretório nacional, em especial a tesouraria, que gere um orçamento de R$ 145 milhões neste ano. Edinho é contra a manutenção da atual tesoureira, Gleide Andrade, que é aliada de Quaquá.
Falcão, por sua vez, lançou sua candidatura na quarta-feira, após ser incentivado por um abaixo-assinado que reuniu 15 dos 67 deputados federais petistas e 11 dos 90 membros do diretório nacional.
Embora seja uma candidatura minoritária, Falcão vem trocando acenos com integrantes da CNB que relutam em apoiar Edinho.
“Rui (Falcão) tem legitimidade, representatividade e respeito da base e da direção do partido. Tem meu respeito”, afirmou Quaquá.
Entre 2011 e 2017, Falcão presidiu a sigla com apoio da CNB. Integrantes do diretório nacional avaliam que as chances de Falcão neste ano passam por refazer este apoio, em especial de lideranças que têm força na base de filiados, como Quaquá. Neste ano, segundo levantamento da direção do PT, o Rio foi o estado que mais ganhou filiados: 82 mil. O número é importante porque, neste Processo de Eleições Diretas (PED), o presidente do PT será eleito por voto direto dos filiados.
Falcão atraiu os apoios das correntes Democracia Socialista e Diálogo e Ação Petista (DAP). Somados, os grupos têm menos de 20% da atual composição do diretório nacional do PT, enquanto a CNB, sozinha, elegeu quase metade (46%) dos seus componentes no PED de 2019.
Corrente dividida
Um dos apoiadores declarados de Falcão é o deputado federal Rogério Correia (MG), da “Socialismo em Construção”. A corrente, no entanto, está dividida: outro expoente do grupo, o também deputado Paulo Pimenta (RS), declarou apoio a Edinho.
“Rui tem a capacidade de reforçar as pautas do PT sem sectarismo, mas tampouco sem uma guinada ao centro como alguns defendem. Vejo uma eleição polarizada entre ele e Edinho”, disse Correia.
O abaixo-assinado pró-Falcão também contou com nomes das correntes Avante PT, caso dos deputados Arlindo Chinaglia (SP) e Maria do Rosário (RS); e da Militância Socialista, como Pedro Uczai (SC), que deve assumir a liderança do partido na Câmara em 2026. Não há, no entanto, garantia de que esses grupos votarão em Falcão.
“Não necessariamente todos que assinaram estão apoiando o Rui, mas eles querem o debate dentro do PT. Vamos agora buscar esses apoiamentos. Alguns apoios haviam sido declarados antes da candidatura do Rui, e agora é um outro quadro”, afirmou o deputado Bohn Gass (RS), da tendência Democracia Socialista (DS).
Segunda maior corrente hoje do PT, a Resistência Socialista, do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), foi uma das que antecipou o apoio a Edinho, mas agora é cortejada pelo grupo de Falcão. O ex-prefeito de Araraquara também costurou o apoio dos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Anielle Franco (Igualdade Racial), e de outros caciques petistas, como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o ex-ministro José Dirceu. As informações são do O Globo.