Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de janeiro de 2025
Apesar de ter crescido a pressão interna e da militância para que o PT expulse de forma rápida o vice-presidente Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), integrantes do partido têm afirmado que a decisão de tomar uma medida drástica como essa não é tão simples quanto parece.
As críticas ao dirigente, que já acumula uma série de polêmicas dentro da sigla, se intensificaram após ele se reunir com familiares de Chiquinho e Domingos Brazão, ambos presos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido em 2018. A reunião com os familiares foi vista como uma tentativa de interceder em favor dos suspeitos, o que gerou grande revolta dentro do partido.
Petistas chamam as atitudes de Quaquá de “erradas e erráticas”, mas, ao mesmo tempo, ressaltam que, conforme o estatuto da legenda, é necessário respeitar o “devido processo legal”. Essa defesa do devido processo legal, aliada ao princípio de garantir o direito de defesa, se tornou uma das bandeiras do PT, especialmente após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi alvo da Operação Lava-Jato, considerada por muitos no partido como um atropelo das leis e uma injustiça.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, reagiu com veemência e afirmou que tomará medidas contra Quaquá, entrando com uma ação na Comissão de Ética do PT. “Nenhum cabimento”, respondeu o dirigente, demonstrando desdém pela queixa. De acordo com o estatuto do PT, um processo ético como esse envolve diversas etapas, todas com amplo direito de defesa, o que torna o processo mais demorado e complexo.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no último sábado, dia 11, Quaquá defendeu a criação de uma comissão de juristas para reavaliar o caso Marielle, sugerindo que isso poderia atestar a inocência de Chiquinho e Domingos Brazão.
Na quinta-feira (9), o político publicou uma foto nas redes sociais ao lado de familiares dos Brazão, defendendo que as prisões dos suspeitos eram injustas. Esse gesto foi amplamente criticado não apenas por Anielle Franco, mas também pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que consideraram a atitude de Quaquá como um apoio a figuras controversas e implicadas em um dos casos mais emblemáticos de violência política no Brasil.
Essa não é a primeira vez que Quaquá se envolve em polêmicas dentro do PT. Em fevereiro de 2023, ele causou desconforto ao publicar uma foto nas redes sociais ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que fez parte do governo Bolsonaro e foi amplamente criticado pelo PT e outros setores da sociedade por sua atuação durante a pandemia de covid-19.
Em dezembro de 2021, ele também afirmou publicamente que a ex-presidente Dilma Rousseff não tinha mais relevância eleitoral para o partido, o que gerou mais críticas por parte de diversos membros da sigla, que consideram Dilma uma figura central na história recente do PT. (Estadão Conteúdo)