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PT deve trocar marqueteiro de Lula em campanha

Em 2002, Augusto Fonseca já havia atuado ao lado de Duda Mendonça na vitoriosa campanha de Lula, mas tem perdido prestígio na sigla. (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação)

Uma disputa pelo comando da comunicação no PT ameaça a permanência do marqueteiro Augusto Fonseca na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. O publicitário Sidônio Palmeira é o nome mais cotado para substituir Fonseca e já foi até mesmo sondado por dirigentes petistas.

As divergências no comitê de Lula aumentaram nos últimos dias, com troca de acusações entre o coordenador de Comunicação da campanha, Franklin Martins, e o secretário Jilmar Tatto, que cuida da mesma área no PT. A propaganda partidária na TV, divulgada nos últimos dias, foi considerada despolitizada por aliados de Tatto e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

A cúpula petista alega que o orçamento de R$ 45 milhões, apresentado por Fonseca, está muito além da realidade financeira do partido desde que foram vetadas as doações de empresários nas eleições, em 2016.

Na prática, porém, a provável saída de Fonseca vai muito além dessa questão. A troca de marqueteiro representa uma derrota de Franklin Martins. Ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) de 2007 a 2010 e muito próximo de Lula, Franklin foi quem bancou o nome de Fonseca, que também é jornalista e diretor da agência MPB Estratégia e Criação. Em 2002, ele já havia atuado ao lado de Duda Mendonça na vitoriosa campanha de Lula. Tem em seu currículo, ainda, as propagandas políticas de Fernando Henrique Cardoso, Marta Suplicy, Aécio Neves e Ciro Gomes.

Slogan

Dirigentes do PT reclamaram, nos últimos dias, da qualidade das inserções comerciais do partido, produzidas pela equipe de Fonseca. Até mesmo o slogan “Se a gente quiser, a gente pode” foi alvo de ataques por ser semelhante ao emblemático “Yes, we can”, mote da corrida de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos.

Nos bastidores, integrantes do comitê de Lula disseram que o ex-presidente apareceu na propaganda do PT com “ar cansado” e sem mostrar “esperança”, palavra-chave da campanha. Afirmaram, ainda, que os comerciais tinham um foco no “passado”, e não no futuro.

“Eu não deixei a campanha do Lula nem recebi nenhum comunicado que tenha sido demitido”, disse Fonseca. “Todas as inserções foram aprovadas e elogiadas.”

O valor cobrado pelo marqueteiro foi comparado por petistas às cifras apresentadas por Duda Mendonça. Eduardo Freiha, um dos sócios da MPB Estratégia e Criação – agência dirigida por Fonseca –, foi condenado no mensalão por evasão de divisas, acusado de ser o procurador de contas de Duda no exterior que receberam US$ 2,5 milhões. A pena foi extinta em razão da prescrição.

Publicitário

Atualmente, Tatto e Franklin nem se falam. A disputa entre os dois contaminou o relacionamento com Fonseca. Diretor da agência Leiaute, em Salvador, o publicitário Sidônio Palmeira, por sua vez, é amigo dos petistas. Ele comandou as campanhas de Jaques Wagner e de Rui Costa ao governo da Bahia. Em 2018 foi o responsável pelos programas de TV do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad.

Uma ala do PT que apoia Tatto vai propor a Lula que Franklin perca o papel central na campanha, pois o responsabiliza até mesmo por declarações desastrosas em questões polêmicas como aborto, por exemplo. O ex-presidente, no entanto, confia no ex-ministro e pede a ele opiniões sobre todos os assuntos, antes de dar entrevistas. Questionado, Franklin não se manifestou. Tatto também preferiu o silêncio.

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