Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de março de 2024
Dirigentes do PT criticaram, em reunião interna, a decisão de Lula de silenciar sobre a ditadura.
Foto: Reprodução de TVAo contrário da determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que o golpe militar de 1964 não seja lembrado, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados ignorou a orientação do chefe do executivo e divulgou nota na quinta-feira (28) condenando o regime imposto há 50 anos e afirmando que é preciso repudiar com veemência esse episódio da história do País.
“O Congresso Nacional foi fechado quatro vezes – em 1965, 1966, 1968 e 1977 -, com a cassação de mandatos e perseguição a parlamentares, numa onda de truculência que varreu o país sob a égide de atos institucionais”, diz o texto.
“Ao longo de 21 anos, o país foi jogado nas trevas, com violência, repressão e movimentos sociais, censura e perseguição política, tortura e desaparecimento de inúmeras pessoas que lutavam por um Brasil democrático, mais justo e igualitário. A história desses lutadores e lutadoras, muitos dos quais ainda não tiveram seus destinos completamente esclarecidos, clama por justiça e por um reconhecimento oficial da verdade”, acrescenta a nota do PT.
O texto, assinado pelo líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), diz que é crucial relembrar a ditadura para evitar novos retrocessos no país.
“Não há o que celebrar em 31 de março ou 1º de abril. Relembrar a ditadura é crucial para evitarmos retrocessos e reafirmarmos nosso compromisso com a democracia, com os direitos humanos e com o Estado Democrático de Direito. No marco dos 60 anos da ditadura militar reafirmamos Democracia sempre! Ditadura nunca mais!”, afirma a nota.
Dirigentes do PT criticaram, em reunião interna, a decisão de Lula de silenciar sobre a ditadura. O partido chegou a divulgar uma nota anunciando que vai participar de atos críticos ao regime dos militares. A presidente da legenda, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse no encontro que a decisão de Lula causou o esvaziamento dos atos da esquerda no último final de semana.
“O PT apoiará e participará dos atos e manifestações da sociedade previstos para os dias 31 de março e 1º de abril, em diversos pontos do país, além das atividades organizadas por sua fundação, a Perseu Abramo, sobre os 60 anos do golpe. O PT reafirma seu compromisso com a defesa da democracia no país, valor presente no DNA originário do partido desde sua fundação”, informou o partido, em nota.
A bancada petista ainda cobrou do presidente o retorno imediato da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, que foi extinta no final do governo de Jair Bolsonaro.
Um decreto prevendo o retorno desse colegiado já está na mesa de Lula desde o início da sua gestão e foi encaminhado pelo Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.
O presidente tem enfrentado críticas de vítimas e familiares da ditadura por não ter retornado com a volta dos trabalhos da Comissão, fundamental para a localização de desaparecidos pelo regime militar.