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PT pede diálogo e reclama da pouca sintonia com o governo de Dilma

Dilma também se encontra com a coordenação política do governo (Foto: Andre Dusek/AE)

A votação no Congresso da MP (medida provisória) 665, que restringe o acesso a benefícios trabalhistas e integra o pacote do ajuste fiscal, evidenciou o descolamento entre governo e PT e a resistência dos petistas a aprovar as “medidas impopulares” do Planalto, o que deve dificultar também a votação da MP 664, que altera direitos previdenciários.
Após a aprovação da MP 665, parte da bancada petista reclama que “foi para o sacrifício” – o governo foi obrigado a “enquadrar” petistas por apoio à medida –, e fala abertamente sobre a falta de sintonia com o Planalto e indica que a resistência às medidas do ajuste continua.
Integrante da Executiva Nacional do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP) considera que, no atual momento, o PT está assumindo uma “nova postura” e precisa “ter voz” no governo. “Claro [que o governo e o PT são coisas distintas]. Somos do partido do governo, mas nós queremos opinar nas decisões construídas pelo governo, elas têm que ser dialogadas conosco”, afirmou. “Nós estamos assumindo uma nova postura de diálogo com o governo”, completou.
“O partido não é governo e o governo não é partido”, reclamou o ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS). Para petistas, derrotar o Executivo na MP 665 foi considerado “uma pá de cal” no governo Dilma, que está com baixos índices de popularidade e sofre ataques de aliados no Congresso. E isso teria reflexos profundos ao PT nas eleições de 2016 e, sobretudo, na corrida presidencial de 2018, na qual o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem aparecido como eventual candidato.
Ex-presidente do PT e atual ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini disse que é preciso saber distinguir governo e PT. “A gente, quando está no governo, sem perder a referência do nosso partido, tem que lembrar que estamos cumprindo missões de governo. Em alguns momentos na Secretaria de Relações Institucionais, eu contrariei o PT, e olha que sou ex-presidente do partido”, afirmou. “Para nós, é sempre duro chegar para o PT e dizer que nesta votação a posição do governo não vai ser a do partido. Mas isso não tem a ver com tentativa de desassociar ou se afastar”, minimizou o ministro.
Em meio às discussões sobre o ajuste fiscal, o partido levou ao ar, na terça-feira, seu programa de rádio e TV sem a participação de Dilma Rousseff. Na tentativa de explicar a ausência, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou: “O governo possui uma agenda própria, enquanto as questões de conjuntura enfrentadas pelo PT devem ser enfrentadas pelo PT”. (AE)

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