A senadora Marta Suplicy (PT-SP) enviou na manhã de ontem aos diretórios municipal, estadual e nacional do PT em São Paulo pedido formal de desfiliação do partido, após 33 anos de sua inscrição na sigla. Os documentos, que têm quatro páginas, foram entregues por representantes da senadora petista.
Na carta em que justifica sua saída do partido, a senadora ressalta que os princípios e o programa partidário do PT “nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente”. Marta informou ao PSB que se filiará à legenda até o final de junho. Para ser candidata à prefeitura de São Paulo (SP) em 2016, ela precisaria estar filiada a uma legenda até outubro, um ano antes da eleição municipal.
A antecipação da decisão tem como objetivo dar mais tempo à senadora para articular uma candidatura competitiva, com o apoio de siglas como PPS, PV e Solidariedade. A filiação de Marta ao PSB deve contar com o apoio da cúpula nacional do partido, mas ainda encontra resistências entre lideranças da legenda em São Paulo. O receio é que, ao ser filiada, a senadora transfira ao PSB parte da rejeição ao PT em São Paulo. Os petistas têm monitorado o ânimo da militância nos diretórios zonais diante dos ataques que Marta tem feito ao governo federal.
O secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, afirmou que a carta é uma prova de oportunismo da senadora, que se diz vítima de perseguição após ter questionado as denúncias de corrupção contra o partido. Marta jamais se manifestou internamente durante reuniões partidárias, segundo Souza. Ele lembrou ainda que ela ocupava espaço de relevância no PT e no governo. “A relação só desandou quando ela saiu do ministério [da Cultura]”, disse o secretário. “Simplesmente falar isso depois de tanto tempo é puro oportunismo. Vida que segue.” O presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, avisou ao comando nacional do partido que reivindicará na Justiça Eleitoral o mandato da senadora.
Ambiente
Depois de formalizar sua saída do PT após mais de 30 anos no partido, a senadora Marta Suplicy disse que tomou uma decisão “muito dura”, mas fez o necessário porque se sentiu “traída” por uma sigla que rompeu “com todos os princípios éticos” para os quais foi criada. Ao afirmar estar “aliviada” com sua decisão, Marta ressaltou que não tinha mais “ambiente” para estar no PT. Ela declarou que estava em “luto” há muito tempo, mas ficará “menos agoniada” fora do partido. (Gustavo Uribe, Cátia Seabra e Gabriela Guerreiro/Folhapress)