Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2025
O papa Francisco morreu nessa segunda-feira (21), às 2h35 (horário de Brasília), 7h35 no horário local, aos 88 anos. As causas da morte foram insuficiência cardíaca e um acidente vascular cerebral (AVC).
Líder da Igreja Católica por 12 anos, Francisco foi o pontífice mais velho a ocupar o cargo em 700 anos. Desde 2023, a piora de sua saúde vinha sendo motivo de preocupação. A internação mais recente ocorreu após uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias, evoluindo para pneumonia bilateral diagnosticada em 18 de fevereiro.
O papa ficou internado por 38 dias e teve alta em 23 de março. A primeira hospitalização deste ciclo ocorreu em fevereiro. Nos dias seguintes, Francisco começou a apresentar dificuldades para discursar. Ele admitiu estar com problemas respiratórios e passou a delegar leituras a auxiliares.
Francisco tinha 76 anos ao ser eleito papa, em 2013. Seu nome de batismo era Jorge Mario Bergoglio. Nos anos 1950, ainda jovem, perdeu parte de um pulmão após uma grave infecção respiratória, condição que agravou os problemas enfrentados em sua idade avançada.
Nos últimos anos, passou por diversas cirurgias, entre elas uma no cólon, e começou a usar muletas e cadeira de rodas por causa de dores nos joelhos. Apesar disso, sempre rejeitou a ideia de renunciar. Seu antecessor, Bento XVI, abdicou em 2013, alegando fragilidade física.
Relembre a seguir o histórico de saúde do papa:
* Pulmões
Em 1957, Bergoglio teve uma infecção respiratória grave que exigiu a remoção parcial de um pulmão.
* Intestino grosso
Entre 4 e 14 de julho de 2021, ficou internado em Roma por um estreitamento intestinal. Teve 33 cm do cólon retirados. “Posso comer de tudo”, disse após a cirurgia, embora tenha tido reações ruins à anestesia.
* Osteoartrite
Em maio de 2022, apareceu pela primeira vez em cadeira de rodas. O Vaticano revelou o diagnóstico de osteoartrite, doença degenerativa que afeta as articulações.
* Diverticulite
Em janeiro de 2023, Francisco revelou que a diverticulite retornou, mas estava controlada.
* Infecções respiratórias e bronquites
Entre março e dezembro de 2023, o papa enfrentou vários episódios de bronquite, sendo internado diversas vezes e cancelando compromissos como a ida à COP28.
* Quedas
Em dezembro de 2024, apareceu com hematoma no queixo após bater o rosto em uma mesa de cabeceira. Em janeiro de 2025, caiu novamente e lesionou o antebraço direito, que precisou ser imobilizado.
* Pneumonia e internação prolongada
No início de fevereiro de 2025, foi diagnosticado novamente com bronquite. Em 14 de fevereiro, foi internado com febre. No dia 17, o Vaticano confirmou um quadro de infecção polimicrobiana e o classificou como “complexo”. Em 18 de fevereiro, surgiu o diagnóstico de pneumonia bilateral.
No dia 22, teve uma crise respiratória asmática prolongada e o estado se agravou. No dia seguinte, desenvolveu insuficiência renal leve. Em 28 de fevereiro, após sair do estado crítico, teve uma crise de broncoespasmo que provocou vômito com inalação e agravamento súbito do quadro. Foi submetido à broncoaspiração e passou a usar ventilação mecânica não invasiva.
Segundo o jornal Corriere della Sera, a equipe médica se viu diante de um dilema: deixá-lo morrer naturalmente ou iniciar terapias mais agressivas, que poderiam afetar outros órgãos.
* Insuficiência aguda
Em 3 de março, o papa teve dois episódios de insuficiência respiratória aguda causados por acúmulo de muco nos brônquios. Duas broncoscopias foram realizadas, com aspiração de secreções. A ventilação mecânica não invasiva foi retomada.
No dia 7, completou três semanas internado. “Permanece estável dentro de um quadro complexo”, informou o Vaticano. Em 10 de março, uma fonte da Santa Sé afirmou que ele não corria mais risco iminente de morte.
* Recuperação parcial e recaídas
Radiografias em 12 de março mostraram melhora, e ele passou a receber oxigênio apenas de dia. No dia 19, os médicos suspenderam a ventilação mecânica. No dia 21, o cardeal Víctor Manuel Fernández relatou que Francisco precisava “reaprender a falar” após o uso prolongado de oxigênio.
Em 23 de março, deixou o hospital com cura da pneumonia, mas ainda com voz comprometida. Seguiu evoluindo, participando do Domingo de Ramos (13 de abril) e da Páscoa (20 de abril), sem auxílio de oxigênio e com voz mais firme. Na véspera, chegou a se encontrar com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance.