Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de março de 2022
Presidente russo autorizou a convocação de combatentes do Oriente Médio para lutar na Ucrânia.
Foto: Divulgação/DreamlandO presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu perceber avanços nas negociações entre o seu país e a liderança da Ucrânia, um dia após a fracassada reunião entre os chanceleres russo e ucraniano, na Turquia, e de outros três encontros entre representantes dos dois países, na Bielorrússia. Por meio de seu porta-voz, Putin, no entanto, pouco depois reiterou que a ofensiva sobre a Ucrânia prosseguirá até o Ocidente e a Ucrânia atenderem às suas exigências, em mais um sinal de que a Rússia não está disposta a ceder.
Mais cedo, em reunião do Conselho de Segurança, Putin autorizou a convocação de combatentes do Oriente Médio para lutar na Ucrânia.
Em uma reunião no Kremlin com o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, Putin disse que as sanções ocidentais não impediriam o desenvolvimento russo e que a Rússia acabaria mais forte. Ele então disse que as negociações ucranianas estavam ocorrendo praticamente todos os dias.
“Há certas mudanças positivas, os negociadores do nosso lado me dizem”, disse Putin. “Eu vou falar sobre tudo isso mais tarde.”
Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reuniram-se na quinta-feira na Turquia, nas negociações de mais alto nível desde o início do conflito. Nenhum avanço aconteceu.
Antes disso, já houve três encontros entre delegações russas e da Ucrânia perto da fronteira entre Ucrânia e Bielorrússia. Houve discussões para corredores humanitários, e alguns chegaram a funcionar, enquanto, em outras partes da Ucrânia, fracassaram. Nesta sexta-feira, houve sinais de que a ofensiva militar russa, há mais de uma semana mais lenta, deve em breve se reintensificar.
Não houve até aqui nenhum sinal de que a Rússia esteja disposta a abrir mão de seus principais objetivos — a deposição de armas por parte da Ucrânia (o que na prática corresponde a uma rendição), que o país aceite um status militar neutro (o que significa não entrar para alianças como a Otan) e desmilitarizado (sem Forças Armadas) e o reconhecimento da Crimeia e das duas repúblicas separatistas do Donbass.
Pouco depois de Putin, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou a posição russa de imposição de exigências. Peskov disse acreditar que a Ucrânia estava discutindo exigências de Moscou com os Estados Unidos e outros aliados, e que, quando o Ocidente cedesse, o conflito chegará ao fim.
“A Rússia formulou exigências concretas para a Ucrânia para resolver essas questões.Até onde sabemos, essas exigências estão sendo discutidas pelos ucranianos com seus assessores, principalmente os Estados Unidos e países da União Europeia”, disse ele. “Vamos esperar. Isso precisa acontecer [o atendimento das exigências]. Em seguida, ele vai acabar.”
O presidente Vladimir Putin diz que a “operação militar especial” — eufemismo oficial para invasão militar — na Ucrânia é essencial para garantir a segurança da Rússia, após os Estados Unidos ampliarem os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte até as fronteiras da Rússia e apoiar líderes pró-ocidentais em Kiev.
Peskov também disse que a Rússia age em defesa de populações que falam russo na região do Donbass, no Leste da Ucrânia, onde desde 2014 rebeldes separatistas pró-Moscou enfrentam forças contra forças ucranianas. Peskov classificou a ação ucraniana na região como um “genocídio”.
“Nós, ao longo dos últimos oito anos, temos repetidamente tentado pedir aos nossos colegas ocidentais para colocarem pressão sobre Kiev, e forçar Kiev, para parar de matar seu povo em Donbass e cumprir os acordos de Minsk”, disse Peskov, em referência a um pacto de 2015 desrespeitado por ambas as partes. “Além disso, nas últimas décadas, o nosso país tem repetidamente se manifestado sobre como nos sentimos em perigo depois que mudaram a sua infraestrutura militar em nossa direção. Nós não gostamos disso, nos sentimos em perigo e não podemos fechar os olhos para isso.”
A integração da Ucrânia, uma tradicional área dentro da esfera de influência russa, à Otan é um objetivo da organização citado na Declaração de Bucareste, de 2008, mas continuava improvável para o futuro próximo. Além dos objetivos militares, o governo autoritário russo incomoda-se com a perda de influência sobre o território ucraniano, que, desde a revolução do Euromaidan de 2014, crescentemente aproxima-se do Ocidente em termos sociais e culturais.
A invasão à Ucrânia viola o direito internacional, que considera agressões militares ataques à soberania de outro país, e já deixou mais de 2,5 milhões de refugiados e um número indeterminado de vítimas civis.