Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2016
A policia investiga um possível esquema de venda ilegal de animais pela internet em Sorocaba (SP). Segundo a denúncia de vítimas, que preferem não ter os nomes divulgados, uma suspeita chegava até a cortar a orelha dos cachorros vira-latas – que teriam vindo de doações – para vendê-los como sendo de raça em sites dedicados ao comércio de animais.
Estelionato.
A suspeita de praticar os crimes foi intimada e já prestou depoimento. A mulher de 24 anos alegou que trabalha como diarista e que não vende animais. O próximo passo da investigação é ouvir as vítimas. O inquérito foi aberto como estelionato após denúncias de uma ONG (Organização Não Governamental) e de moradores da cidade que compraram os animais. Fotos dos cães também serão anexadas ao inquérito.
Conforme as vítimas do golpe, a venda e negociação dos animais é feita sempre pela internet, em sites ou aplicativos de bate-papo no celular. A entrega era a domicílio, em estacionamentos de supermercados ou até mesmo na casa da vendedora. Os proprietários só descobriam que os animais não tinham raça definida durante a primeira consulta com o veterinário ou após os cães ficarem doentes. “A história era sempre a mesma e eles acabavam ficando surpresos”, diz o médico veterinário Tiago Gasparini, que, nos últimos dois meses, atendeu seis animais na ONG FAS (Fundação Alexandra Schlumberger). Dois deles, inclusive, chegaram a morrer.
Série de mutilações começou em 2015.
De acordo com a presidente da FAS, Eliana Alegreti, os cães começaram a aparecer no segundo semestre do ano passado. “O número vem crescendo nos últimos meses. Sempre com o mesmo quadro, vindo da mesma criadora e comprados da mesma forma. Isso chamou a nossa atenção.” O veterinário conta que os cachorros estavam com graves quadros de saúde, possivelmente por conta de maus-tratos. “Eram animais em situações precárias. Alguns com desmame precoce, desnutridos, gastroenterite, em estado extremamente precário”, explica o médico, ao afirmar que ficou surpreso com o casos. “O que mais surpreendeu foi a sequência de quadros semelhantes.”
Gasparini aponta ainda que chegou a constatar microcirurgias nos animas para deixá-los parecidos com animais de raça. “Um deles tinha uma tala para deixar a orelha ereta, outros rabo e orelhas cortados para serem vendidos como chihuahua, pinscher e fila. A pessoa [que fez as ‘operações’] não tem conhecimento de nenhuma técnica de cirurgia.”
Animais não são mercadorias.
A orientação de especialistas é que os animais sejam adotados de ONGs credenciadas ou de canis licenciados, além de sempre pesquisar sobre os endereços e visitar o local onde eles são criados. “Não é pegar e comprar como uma mercadoria. Quem compra, tem que estar ciente do que está comprando e dos cuidados”, conclui o veterinário. (AG)