Diferente do que acontece no Brasil, o voto popular nos Estados Unidos não elege o presidente. A decisão é feita pelo Colégio Eleitoral, um grupo de pessoas que elegem o presidente e o vice-presidente. Ao votar, os americanos estão escolhendo pessoas específicas para formar o Colégio Eleitoral, que posteriormente irá de fato escolher o próximo presidente. Neste ano, as eleições presidenciais, marcadas para esta terça-feira (5), decidirão entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
Mas afinal, como isso funciona? Cada Estado recebe um certo número de votos eleitorais com base em sua população. Isso quer dizer que Estados mais populosos possuem mais eleitores no Colégio Eleitoral. No entanto, o peso de cada voto individual dos americanos tende a ser maior em Estados menores.
O número de eleitores de um Estado é idêntico ao número total de seus senadores e representantes no Congresso. Sete Estados menores têm o mínimo de três eleitores. Washington também possui três votos eleitorais, devido à 23ª Emenda que concedeu à capital o mesmo número de eleitores que os Estados com menos votos.
Existem 538 votos eleitorais e são necessários pelo menos 270 votos para vencer a presidência. O Estado com o maior número de votos eleitorais é a Califórnia, com 54. Em seguida está o Texas, com 40, seguido pela Flórida, com 30, e Nova York, com 28.
Assim, Estados maiores têm mais votos eleitorais no Colégio Eleitoral, o que dá a eles um peso maior em termos absolutos. Porém, o peso de cada voto individual é maior em Estados pequenos, já que o mínimo de votos que esses Estados podem ter é três. Na prática, Estados menores como Wyoming, Vermont e Dakota do Norte acabam tendo mais votos do que teriam se o sistema fosse inteiramente proporcional.
Dessa forma, nesses estados, cada voto eleitoral representa um número menor de eleitores, o que dá a cada voto individual da população mais influência no resultado final.
Em Wyoming, com cerca de 580 mil habitantes e 3 votos eleitorais, cada voto eleitoral representa aproximadamente 193 mil pessoas. Já na Califórnia, com mais votos no Colégio Eleitoral, há cerca de 39 milhões de habitantes e 54 votos eleitorais. Então, cada voto eleitoral representa aproximadamente 722 mil pessoas, um número bem mais expressivo do que em Wyoming.
Swing states
O peso das eleições presidenciais americanas também está nos chamados “swing states” (Estados-pêndulo), que são os estados onde o resultado é mais incerto e há chance de “virar” o jogo em uma disputa acirrada, como é o caso das eleições deste ano. São estados que alternam entre eleger democratas e republicanos e, por isso, viram o foco das campanhas dos candidatos.
Os swing-states deste ano são Arizona, Michigan, Nevada, Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin. A maioria das pesquisas nesses estados tem um cenário de empate. Há ainda estados que possuem resultados “prováveis” ou “inclinados” em relação a um partido, como mostra o mapa. O Estadão fez uma série de reportagens diretamente de Estados-pêndulo que decidirão a eleição no Colégio Eleitoral.
Em nível nacional, Harris e Trump estão empatados com 48% nas intenções de voto, mostrou a pesquisa nacional do The New York Times em parceria com o Siena College, divulgada no último dia 25.
Escolha
Os eleitores — os delegados do Colégio Eleitoral — são escolhidos a cada quatro anos, nos meses que antecedem o dia da eleição, pelos partidos políticos de seus respectivos estados. Eles geralmente são legisladores estaduais, líderes partidários ou doadores dos partidos.
Os processos variam de Estado para Estado, alguns escolhem os delegados eleitores durante as convenções republicanas e democratas estaduais, enquanto outros estados listam os nomes na cédula de votação geral. Assim, se o candidato presidencial republicano vence o voto popular em seu estado, os delegados escolhidos pelo Partido Republicano votarão nesse candidato, assim como o mesmo ocorre com os democratas.
É possível acontecer um empate. Nesse caso, a decisão vai para a Câmara dos Representantes, composta por representantes de cada estado. Cada delegação estadual apoia um candidato como um grupo. No caso de empate na votação dentro da delegação, o voto do estado não conta.
Já a decisão sobre o vice-presidente vai para o Senado, com votos de cada senador. Qualquer disputa pode acabar sendo decidida pela Suprema Corte. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.