Domingo, 24 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2024
Enquanto se preparava para interpretar a terapeuta sexual Jean Milburn, que é mãe do tímido protagonista da série “Sex Education”, da Netflix, a atriz britânico-americana Gillian Anderson leu “Meu jardim secreto”, da escritora americana Nancy Friday. O livro causou furou quando saiu, em 1973. É fácil entender por quê. Trata-se de uma coletânea de fantasias sexuais de mulheres reais. Friday queria contrariar seu editor, que expressou objeções a uma fantasia sexual que ela descrevera em um romance. “Meu jardim secreto” foi traduzido para uma dezena de idiomas, vendeu mais de dois milhões de cópias e foi banido na Irlanda.
Anderson (que protagonizou a série “Arquivo X” e viveu Margaret Thatcher em “The Crown”) resolveu fazer sua própria versão do livro. A atriz botou de pé o projeto “Querida Gillian”, um site onde conclamava mulheres do mundo todo a lhe confessarem suas fantasias eróticas. Ao todo, recebeu mais de mil páginas picantes. Selecionou parte delas para o livro “Desejo”, que acaba de sair no Brasil pela Vestígio (selo do Grupo Autêntica) e traz um subtítulo explícito quanto ao conteúdo: “mulheres do mundo revelam suas fantasias de amor e sexo”.
Na introdução ao volume Anderson conta ter recebido relatos de mulheres de várias as orientações sexuais: pansexuais, bissexuais, assexuais, arromânticas, lésbicas, heterossexuais e queer. No livro, ela omite a identidade de suas correspondentes, mas dá informações como nacionalidade, orientação sexual e estado civil. Os sonhos eróticos que elas narram são os mais diversos possíveis.
“Há fantasias de BDSM consentido entre adultos, tanto no papel de dominante quanto no de submissa, e outras relacionadas à troca de papéis. Há fantasias com cordas e palmadas, maçanetas e chicotes, vendas e algemas, sufocamento e contenção, plugues anais, dildos e vibradores de todas as formas e tamanhos”, escreve a atriz na introdução. “É interessante notar que muitas das cartas que detalham fantasias de ser dominada e ceder o controle vêm de mulheres com grande responsabilidade profissional e poder, que também são as responsáveis por manter a vida doméstica e familiar nos trilhos.”
Sexo com alienígenas
Algumas fantasias eram mais óbvias; outras, surpreenderam a atriz. “Tínhamos muitas opções de fantasias com sexo no escritório, com um colega ou com o chefe; com situações em que a pessoa poderia ser pega em flagrante; de voyeur; sexo em público; sexo com estranhos; sexo ao ar livre. Mais inesperadas, talvez, tenham sido as fantasias de sexo com um alienígena com tentáculos ou uma besta meio humana, meio animal”, confessou. Anderson afirmou ainda que seu objetivo ao publicar “Desejo” era “eliminar o tabu das fantasias e trazer a emoção, a diversão e a apreciação de tudo o que podemos fazer com nosso corpo”.
No livro, há apenas uma fantasia de uma brasileira, lésbica e solteira, de 18 anos. Ela é virgem, mas pensa muito em sexo. “Tenho a fantasia de ser dominada por essa mulher que inventei. Ela tem a pele macia e bronzeada, cabelo castanho encaracolado e curto”, diz ela, antes de descrever uma tórrida cena de sexo que se estende por duas páginas.