Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2024
Você escolhe o tipo de fonte que vai usar diariamente. Isso acontece toda vez que usa um processador de texto, lê um e-book, envia um e-mail, prepara uma apresentação, cria um convite de casamento e faz um story para publicar no Instagram. Pode parecer apenas uma questão de gosto, mas pesquisas revelam como as fontes podem determinar radicalmente o que se comunica e como se lê.
As fontes são “as roupas que as palavras usam”, disse a tipógrafa, pesquisadora e escritora Beatrice Warde no início do século 20. Elas também exprimem estilo, emoção e autoridade. Como o figurino de um vilão de filme, elas contam silenciosamente parte da história.
“Os sinais que podemos enviar costumam ser bem discretos, como a simetria das formas arredondadas na letra B”, disse Tobias Frere-Jones, designer cujo trabalho inclui a fonte usada na campanha de Obama em 2008. “Mas eles ganham poder ao serem repetidos inúmeras vezes.”
Como as roupas, as fontes também são escolhidas de acordo com a função almejada. Da mesma forma que você não usaria um maiô durante uma tempestade de neve, as fontes precisam se adequar à tecnologia que entrega as palavras (tela ou papel), ao espaço que elas ocupam (alerta do celular, página ou outdoor) e à pessoa que faz a leitura.
Escolher a fonte certa pode aumentar sua velocidade de leitura em uma tela em 35%, de acordo com um grande estudo recente.
As fontes têm elementos sutis que afetam a forma como você as enxerga. De certo modo, elas são como óculos. “As fontes são a lente pela qual você vê o texto escrito”, diz Zoya Bylinskii, pesquisadora da empresa de tecnologia Adobe. As fontes mais utilizadas podem ser divididas em dois tipos: serifadas e não serifadas.
Fontes serifadas, como a Times New Roman e a Garamond, têm “prolongamentos” e “pés” decorativos nas letras – chamados serifas – que tornam o estilo mais distinto. Elas são usadas tradicionalmente em textos mais longos, como livros.
As fontes sem serifa, como a Arial e a Helvetica, são identificadas pelo que não têm: aqueles “prolongamentos” e “pés”. Elas apresentam traços mais limpos e são consideradas melhores para títulos e textos mais curtos.
Outros tipos de fontes incluem as display e as que lembram a escrita cursiva, as script.
Entretanto, mesmo dentro desses grupos, há um universo de variações que afetam como enxergamos as palavras. As características mais importantes reunidas em uma fonte incluem:
– Proporção: tornou-se mais difícil analisar as letras depois que elas começaram a se parecer demais umas com as outras, como quando estão muito compactadas.
– Contraste: a diferença entre a parte mais fina e a mais grossa de cada letra. Se o contraste for muito alto, parte das letras pode desaparecer e fazer você forçar a vista.
– Espaçamento entre letras, também conhecido como “tracking”: junte letras demais num bloco de texto e sua capacidade de leitura vai pedir socorro.
Escolha equivocada de fonte
Uma escolha equivocada de fonte pode fazer você confundir as letras. Também pode interferir na sua capacidade de reconhecer rapidamente o formato familiar de uma palavra. Cada fonte tem uma altura-x diferente – literalmente a altura de uma letra minúscula em comparação com uma maiúscula – o que pode tornar as palavras mais fáceis ou difíceis de se ler.
Quando se trata de ler rapidamente um texto curto, como um alerta de celular, a altura-x é um fator importante na legibilidade da fonte. Pesquisadores que estudam rótulos de medicamentos descobriram que a altura-x é muito mais importante do que o tamanho geral da fonte para que um rótulo seja legível.
O dispositivo no qual você está lendo também pode fazer uma enorme diferença: as telas de alta resolução mais recentes (principalmente nos celulares) permitem usar fontes com mais contraste em tamanhos menores. (Ao mesmo tempo, algumas fontes que foram desenvolvidas para telas mais antigas e de baixa resolução parecem um pouco desagradáveis em nossas telas modernas.)