O rei Charles III do Reino Unido foi internado na The London Clinic, no centro de Londres, para ser submetido a uma cirurgia na próstata, segundo informou o Palácio de Buckingham em comunicado. Aos 75 anos, o monarca passará por um “procedimento corretivo” para uma próstata aumentada.
A chamada hiperplasia benigna da próstata é caracterizada por um aumento da glândula prostática, que pode fazer com que o homem sinta dificuldade para urinar, além de apresentar outros sintomas. Cada caso é analisado individualmente.
Inicialmente, é importante fazer a distinção entre o câncer de próstata e o crescimento benigno da próstata, que é o caso do monarca britânico. A depender do diagnóstico, a cirurgia é necessária.
Tratamento
Embora a cirurgia de próstata seja recomendada para casos de câncer, é muito mais comum a indicação de um procedimento cirúrgico para tratar a hiperplasia benigna da próstata.
“Com o tempo, todo homem vai ter a hiperplasia benigna da próstata. É um fenômeno que acompanha o envelhecimento. Ela começa a partir dos 40 anos, mas os sintomas são mais comuns mesmo a partir dos 50. É muito difícil ter sintomas antes dessa idade”, explica Cristiano Gomes, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de SP.
Segundo o médico, com 50 anos, cerca de 20% da população terá sintomas associados ao crescimento benigno da próstata. Aos 80, esse número salta para 80%. Mas, mesmo em caso de sintomas, nem todos os homens precisam tratar o crescimento benigno da próstata.
A necessidade de tratamento ocorre em duas situações:
– Quando os sintomas incomodam muito o paciente;
– Independentemente de ter ou não os sintomas, o crescimento benigno da próstata está comprometendo a função da bexiga e causando repercussões negativas no órgão.
Gomes conta que a maior parte dos homens que trata a próstata não tem nenhuma complicação na bexiga ou repercussão mais séria. Em geral, a decisão tem a ver com os impactos da condição na qualidade de vida. Ou seja, a pessoa acorda muitas vezes à noite para fazer xixi; tem muita vontade de urinar, mas não chega a tempo ao banheiro; demora para urinar; percebe que o jato de urina está fraco e tem a sensação de que a bexiga não esvazia completamente.
Cabe destacar que uma parte dos casos é resolvida com remédios. Quando os medicamentos não ajudam, aí a cirurgia é considerada.
Sintomas
Entre os sintomas do aumento da próstata estão:
– Maior frequência de idas noturnas ao banheiro;
– Dificuldade de urinar;
– Necessidade de ir muitas vezes ao banheiro;
– Não chegar a tempo ao banheiro;
– Jato de urina fraco;
– Sensação de que a bexiga não esvazia completamente.
Embora a cirurgia muitas vezes seja uma opção para lidar com esses incômodos, ela se torna realmente necessária quando a hiperplasia gera complicações. Por exemplo: a dificuldade de esvaziar a bexiga pode levar a uma retenção do líquido no órgão. “E a urina parada causa infecções urinárias”, conta Gomes. O paciente também pode apresentar formação de pedras na bexiga e até perda de função renal, já que os rins começam a ter dificuldade de mandar a urina para a bexiga uma vez que ela está muito cheia.
Diagnóstico e cirurgia
A partir do histórico clínico, o médico entenderá se os sintomas relacionados ao ato de urinar têm sido progressivos e quais são eles. Pelos exames físicos, é possível observar se o paciente tem uma bexiga muito distendida, assim como verificar o tamanho da próstata e suas características.
Há inúmeras técnicas cirúrgicas. Todas elas têm por objetivo abrir a uretra e, assim, desobstruir a passagem da urina. “A cirurgia é o que mais alivia essa obstrução. A maioria delas é por via endoscópica, sem nenhum corte no paciente. Uma câmera entra pelo pênis, pela uretra, vai até a próstata, que está junto com a bexiga, e ali, por meio da vaporização da próstata, ressecção do tecido ou ablação [usando fonte térmica para promover necrose da próstata], é possível promover a abertura da uretra, oferecendo melhora clínica ao paciente”, acrescenta o especialista.
Segundo Gomes, quando a próstata é muito volumosa, há opções de cirurgias robóticas e laparoscópicas. Essa é uma situação observada em 20% dos pacientes.
Existem também as cirurgias minimamente invasivas. “Elas foram criadas para oferecer um pós-operatório mais rápido e minimizar uma complicação comum a partir das cirurgias de próstata, que é a perda da ejaculação”, diz o médico.
Ainda segundo ele, a maioria dos homens que realiza esses procedimentos vai perder a ejaculação, o que não significa ter disfunção erétil ou perda de capacidade de ter orgasmo.