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“Quando um governo começa a acabar, ninguém mais te procura”, disse Michel Temer

Emedebista "passará o bastão" para Bolsonaro no dia 1º de janeiro. (Foto: Cesar Itiberê/PR)

A menos de um mês de deixar o cargo e “passar o bastão” para o seu sucessor Jair Bolsonaro (PSL), o presidente Michel Temer (MDB) disse que a solidão é uma realidade para políticos em fim de mandato. Inclusive para um chefe do Poder Executivo, que comanda desde o dia 12 de maio de 2016, quando a então titular Dilma Rousseff (PT) foi afastada pelo processo de impeachment.

“Aquela história do café frio é uma verdade absoluta, mas no meu gabinete a bebida ainda é servida quente”, declarou, em tom de brincadeira, durante evento em Brasília. “Quando um governo começa a acabar, ninguém mais te procura.”

“Aliás, alguns se surpreendem porque na minha sala o café ainda é quente e vem acompanhado de água, porque as pessoas dizem que nem isso servem lá nos últimos tempos”, prosseguiu, após ser homenageado pela Aprobio (Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil). “Graças a Deus, nesses últimos dias eu tenho me surpreendido agradavelmente com homenagens que temos recebido, e olha que falta pouco tempo para deixar a Presidência.”

“Café frio”

A expressão “café frio” costuma ser usada para descrever os últimos meses de um presidente da República à frente do cargo. Isso porque nesses períodos há uma diminuição considerável do assédio por políticos e empresários ao ocupante do terceiro andar do Palácio do Planalto. Temer deixará o cargo oficialmente no dia 1º de janeiro, quando o presidente eleito Bolsonaro assumirá o comando do País.

No caso de Temer, que não concorreu nas eleições de outubro deste ano e tampouco contou com um candidato competitivo para patrocinar (o ex-ministro Henrique Meirelles, que concorreu pelo MDB, não chegou a 2% dos votos), o clima de esvaziamento começou meses atrás. Segundo fontes da capital federal, antes mesmo de começar a disputa eleitoral.

Odebrecht

Mas nem tudo é tranquilidade para Temer. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou ter encontrado elementos de que o emedebista recebeu pagamentos da empreiteira Odebrecht que configuram crime de corrupção passiva. Ela pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a parte do inquérito sobre os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha seja transferida da Justiça Eleitoral para a Justiça Federal.

A investigação tem por objetivo apurar se Temer negociou ou não o repasse ilícito de R$ 10 milhões para o MDB, quando ainda era vice-presidente da então titular Dilma Rousseff (2011-2016. O ministro da Corte Edson Fachin, no entanto, suspendeu a investigação relativa a Temer até o fim do mandato.

Os advogados de Michel Temer declararam que vai se manifestar nos autos do processo. Já a defesa de Eliseu Padilha afirmou que não há hipótese de corrupção e ressaltou esperar que o Supremo não aceite o pedido da PGR. E o advogado de Moreira Franco disse que a petição de Raquel Dodge é incoerente com os fatos apurados e com a jurisprudência do STF: “A forma como foi escrita denota um caráter político e panfletário”.

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