O preço do boi gordo no mercado físico continua sob forte pressão da indústria, que, por sua vez, enfrenta vendas “inconsistentes” no atacado. Segundo a Agrifatto, os negócios em Minas Gerais ocorreram ao redor de R$ 220,80 por arroba na última semana, valor 3% inferior ao registrado sete dias antes. No entanto, em Mato Grosso, a arroba subiu quase 1%, para R$ 212,90 por arroba.
Saber quanto custa um boi depende de vários fatores, como a intensidade da demanda por carne, a situação geral da economia e até o ciclo de criação dos animais.
O mercado do boi gordo é altamente volátil, o que significa dizer que é comum o registro de um preço alto, seguido de preço muito baixo, ou vice-versa. Como todos os produtos agropecuários, sua cotação será influenciada pela oferta e demanda. Veja a seguir quais são os principais aspectos que provocam oscilação no mercado interno.
No caso da demanda há uma peculiaridade, o boi gordo tem sua cotação formada em função dos preços dos seus produtos finais carne, couro e subprodutos. Portanto, é o consumo destes itens que determinará o preço do boi gordo, em especial o consumo de carne, uma paixão nacional.
Dessa forma, como o produto final do frigorífico é a venda de carne é ela que vai dirigir o mercado do boi. Neste contexto, o perfil de consumo da população e a situação macroeconômica do País podem provocar a alta ou a queda no consumo de carne.
A carne bovina é a principal opção de proteína dos brasileiros, mas o poder de compra deste item está associado ao nível de emprego no mercado interno, bem como à renda per capita.
Quando há crise na economia, com alta taxa de desemprego, perda do poder de compra, as pessoas deixam a carne bovina de lado e optam por proteínas mais baratas como suíno, frango e ovos, o que pode provocar queda no preço do boi devido à retração da demanda.
Da mesma forma, quando a economia vai bem e a renda é elevada, o consumo aquecido desta proteína sustenta as cotações em altos patamares.
Outro aspecto importante na definição do preço do boi gordo são as exportações. O Brasil é líder global em exportações de carne bovina e quanto mais aquecida for a demanda internacional maior será o preço da carne no mercado interno.
Escala de abates
Além da demanda, os preços também são bastante impactados pela oferta. Dessa forma, há uma enorme influência do ciclo pecuário na construção do valor da arroba.
Segundo Fernando Iglesias, analista de mercado de carnes da consultoria Safras & Mercado, entende-se por ciclo pecuário é variações do abate de matrizes em um determinado período. Há o ciclo de alta e o de baixa, que se caracterizam de seguinte forma:
Ciclo de alta: A redução do abate de matrizes vai desencadear a ampliação da oferta de animais de reposição a médio e longo prazo, uma vez que as matrizes continuarão reproduzindo novos bezerros. No ciclo de alta da pecuária os preços tendem a cair.
Ciclo de baixa: A ampliação do abate de matrizes costuma gerar gargalos na produção de animais de reposição a médio e longo prazo. Resumidamente, o ritmo de nascimentos não consegue acompanhar a demanda por animais de reposição e a tendência é de alta nas cotações.
No fator oferta também são analisadas as escalas de abate da indústria frigorífica, ao impactarem os preços no curto prazo.
Escala de abate é a programação de abate da indústria. Se for ela mais curta indica uma maior necessidade de compra por parte da indústria, aumentando a chance de alta de preços do boi. Se mais longa, indica que o frigorífico não tem tanta necessidade de compra de animais e sugerem queda dos preços.