Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2025
Os jogos de apostas têm chegado a um número significativo de brasileiros. Segundo pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 10,9 milhões fazem uso perigoso de apostas no Brasil. Os dados são do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) feito para o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Novas informações divulgadas pela Unifesp indicam que, do total de apostadores no País, 1,4 milhão desenvolveu transtornos de jogo, com prejuízos pessoais, sociais ou financeiros.
O estudo reúne dados sobre o vício em apostas, incluindo as bets (online) e considerou amostra de 16 mil pessoas com 14 anos ou mais, classificadas como adolescentes (14 a 17 anos) e adultos (18 anos ou mais). Ele destaca que 9,3 milhões usam bets no País, o que torna a modalidade a segunda preferida dos brasileiros, superando o jogo do bicho. O principal ambiente de apostas no País continua sendo a loteria.
Popularidade
“Os dados do levantamento evidenciam a crescente popularidade dos jogos de apostas no Brasil”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor titular da Unifesp e diretor da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad). A grande quantidade de apostadores de bets ganha contornos preocupantes quando relacionada à propensão de utilizar as plataformas de forma danosa.
Segundo o estudo, os apostadores de bets têm “chances expressivamente aumentadas” de fazer um uso de risco ou problemático desses jogos.
Os dados mostram que, entre os jogadores de bets, 66,8% fazem uso de risco ou problemático. O porcentual é bem menor entre apostadores de outras modalidades: 26,8%. A pesquisa também alerta para apostas por adolescentes: 10,5% dos jovens entre 14 e 17 anos disseram ter jogado no último ano, e 55,2% estão na zona de risco.
Restrições e narrativas
Entre as medidas para que o poder público proteja a saúde da população em relação às apostas, os especialistas indicam que é preciso restringir propagandas e patrocínios de empresas de apostas que levem à exposição de menores de idade a esses conteúdos. O uso de publicidade de bets em jogos de futebol é um dos pontos mais sensíveis em relação à questão. Autoridades e especialistas em saúde e educação têm defendido a restrição desse tipo de propaganda nos estádios, por exemplo.
Outro ponto abordado pelos pesquisadores da Unifesp é a necessidade de mudar a narrativa sobre os jogos de apostas. Eles criticam o jargão “jogo responsável”, que é utilizado frequentemente para tratar o tema. Os cientistas indicam que é preciso promover campanhas que mostrem que comportamentos de risco não são normais e abandonar o discurso de que é possível haver um “jogo responsável”. (Com informações do Estado de S. Paulo)