Quase 40% das indústrias brasileiras deixariam de usar as rodovias se houvesse outro tipo de transporte em bom estado de estrutura, revela uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta terça-feira (18).
Segundo o levantamento, as ferrovias seriam a principal opção de escoamento da produção para 28,5% dos industriais.
Sem a opção pelas ferrovias, 99% das indústrias usam os caminhões. Em algum momento, elas também recorrem ao transporte aéreo (46%) e portuário (45%). Em seguida, aparecem a navegação de cabotagem (13%) e hidrovias (12%).
Gargalos
De acordo com a pesquisa, o transporte é citado como o principal gargalo por 73% dos entrevistados. Em seguida, vêm energia (13%), saneamento (6%) e telecomunicações (5%). Segundo a CNI, atualmente o Brasil investe apenas 0,65% do PIB (Produto Interno Bruto) em infraestrutura de transportes. Para a entidade, seriam necessários investimentos de 2% do PIB para modernizar a estrutura logística do País e torná-la adequada tanto ao escoamento interno de cargas quanto às exportações e importações.
Segundo as indústrias, entre as principais razões para o setor trocar de meio de transporte estão a perspectiva de redução de custos (64%) e a maior agilidade para a entrega do produto (16%). Para 46% dos empresários, o custo representa o principal problema na logística e operação das empresas.
Entre os entrevistados, 84% consideram o custo do transporte e da logística na indústria alto ou muito alto e 79% indicam o frete como principal custo logístico. Outros problemas relatados são o roubo de cargas (22%), a má condição dos modais (20%) e a má qualidade da frota (7%).
Apesar do desejo de migrar para o modal ferroviário, as indústrias consideram o estado das rodovias como o maior problema atual no transporte de cargas. A infraestrutura das estradas foi citada por 67% dos entrevistados como o principal gargalo logístico. Em seguida, vêm a infraestrutura das ferrovias (34%), a falta de ampliação ou de duplicação de rodovias (10%), o custo do combustível (9%) e o acesso aos portos (9%).
Encomendado pela CNI, o levantamento foi realizado pelo Instituto FSB Pesquisa. Ao todo, foram ouvidos 2,5 mil executivos de grandes e médias indústrias nas 27 unidades da Federação. As entrevistas foram feitas de 23 de junho a 9 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.