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Quase 40% dos motoristas e motoqueiros gaúchos mortos em acidentes têm presença de álcool no sangue

Das cinco mortes registradas em maio pela EPTC, quatro envolveram um pilotos sobre duas rodas. (Foto: EBC)

Levantamento realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) aponta que, ao longo do ano passado, 39,2% dos condutores mortos em acidentes de trânsito no Rio Grande do Sul haviam ingerido bebida alcoólica. O índice é menor que o registrado em 2020 (39,7%) e maior que os de 2018 (37,6%) e 2019 (37,2%). A estatística inclui motoristas e motociclistas.

O estudo transversal é realizado a partir do cruzamento de dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre casos fatais nas ruas e rodovias com testes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para medição de alcoolemia no sangue de pessoas envolvidas nesse tipo de ocorrência.

Esse percentual pode ser ainda maior, se levado em consideração o fato de que a análise é realizada somente quando a vítima teve óbito constatado no local.

Mais de 56% das 6.377 pessoas que perderam a vida no trânsito gaúcho durante o período de 2018 a 2021 conduziam algum tipo de veículo automotor. Destas, ao menos 73% tiveram resultado conclusivo para ingestão de álcool, índice que as autoridades consideram preocupante.

Estratificação

O percentual de mortos com teste positivo para a substância foi maior entre condutores de automóveis: 44%. Já entre as 1.170 pessoas que perderam a vida ao conduzir motocicleta, a alcoolemia foi confirmada em 31%.

Na segmentação por gênero (feminino ou masculino), proporção de alcoolizados entre os homens se manteve no patamar dos anos anteriores, com 40,5%, ao passo que entre as mulheres houve um aumento de 8 pontos percentuais no índice, que subiu para 25%.

“Entretanto, essa oscilação não é estatisticamente significativa devido a proporção de mulheres mortas em [62] em relação ao de homens [516]”, ressalva o Detran-RS.

Já no que se refere aos tipos de ocorrência mais comuns entre alcoolizados mortos ao conduzir veículo, os casos de colisão contra objeto fixo ou capotagem somaram 40% do total, contra 20% para condutores que não haviam ingerido bebida alcoólica.

Isso indica que, em grande parte das vezes, esses motoristas e motociclistas com presença da substância no sangue se acidentam sozinhos, sem que haja envolvimento de outros veículos.

A estatística também mostra os momentos de maior risco. O turno da madrugada permanece em destaque com a maior incidência de motoristas mortos após ingerir bebida alcoólica (68,2%). Fins de semana, por sua vez, são mais perigosos que os dias úteis (53,3%).

Embora o estudo atual análise somente condutores de veículos, um diagnóstico de 2018 sobre acidentalidade no Rio Grande do Sul apontou que a situação é similar também entre pedestres e ciclistas.

Naquele ano, 45,9% dos pedestres vítimas de acidentes de trânsito tinham álcool no sangue. Entre os ciclistas mortos que também apresentavam condição de alcoolemia, o percentual chegou a 42,1%.

Além da alcoolemia, há outros fatores de risco importantes envolvidos nos acidentes de trânsito. Um estudo inédito divulgado em junho detectou que mais da metade dos motoristas e motociclistas mortos no período de 2018 a 2020 no Rio Grande do Sul estavam alcoolizados ou sem habilitação (ou então com a CNH suspensa, cassada ou bloqueada).

(Marcello Campos)

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