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Quase 500 imigrantes irregulares foram detidos nas primeiras 33 horas de Trump no poder

Há cerca de 11 milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos, segundo estimativas do Departamento de Segurança Interna de 2022. (Foto: Reprodução)

O Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos deteve quase 500 imigrantes ilegais em todo o país durante as primeiras horas do mandato do presidente Donald Trump, informou a imprensa internacional citando a agência nessa quinta-feira (23). Foram aproximadamente 460 prisões em um período de 33 horas, incluindo pessoas com históricos criminais como agressão sexual, roubo, violência doméstica e outros delitos. A mobilização ocorre enquanto se aguarda a promulgação da Lei Laken Riley, aprovada no Congresso nessa quarta, que determina a prisão e deportação de imigrantes irregulares acusados de determinados crimes.

Em uma entrevista ao canal de notícias conservador Newsmax, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os agentes da ICE “imediatamente começaram a trabalhar para deportar criminosos violentos e ilegais do nosso país”. Ela acrescentou que os que já foram detidos “serão mandados para casa”, e que “esses voos já estão em andamento esta manhã”, sem fornecer mais detalhes.

Entre os detidos, a rede conservadora Fox News citou cidadãos de vários países, incluindo Brasil, Afeganistão, Angola, Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Senegal e Venezuela.

Lei Laken Riley

Na última quarta, a Câmara deu aprovação final ao projeto de lei que exigiria a detenção e a deportação de imigrantes que entrassem no país sem autorização e fossem acusados de certos crimes. O resultado foi 263 votos a favor e 156 contra, com o apoio de 46 democratas.

É quase certo que o projeto de lei seja rapidamente assinado por Trump, que na segunda-feira iniciou seu segundo mandato emitindo uma série de ordens executivas que deram início à sua repressão à imigração ilegal nos Estados Unidos.

A medida, intitulada Laken Riley Act, leva o nome de uma estudante de enfermagem de 22 anos da Geórgia que foi morta no ano passado por um migrante da Venezuela que cruzou ilegalmente para os Estados Unidos, e cuja história foi combustível na campanha de Trump. José Antonio Ibarra, 26, estava em situação irregular e era procurado por praticar furto em lojas. Ibarra foi condenado à prisão perpétua.

O projeto de lei, no entanto, enfrenta obstáculos, já que autoridades federais alertaram sobre a falta de recursos para sua implementação.

O combate à imigração ilegal é a prioridade máxima de Trump, que, pouco após tomar posse na segunda-feira, assinou uma série de decretos, muitos deles destinados a bloquear a entrada ou facilitar a deportação de migrantes em situação irregular.

US$ 83 bilhões

Congressistas democratas criticaram o custo exorbitante da lei recém-aprovada, estimando um gasto de US$ 83 bilhões (R$ 495 bilhões) nos primeiros três anos. “É muito dinheiro para gastar em uma lei que levará ao caos”, opinou a senadora democrata Patty Murray na rede social X.

Para a congressista democrata progressista Alexandria Ocasio-Cortez, a lei é um “declive perigoso” que comprometerá ainda mais o Estado de Direito. “Em alguns meses, haverá congressistas que votaram a favor desta lei e fingirão que não sabiam todas as coisas ruins que vão acontecer por causa dela”, afirmou durante o debate na Câmara.

Algumas associações também se opõem à legislação. “Essa lei não garantirá nem melhorará a segurança pública e, combinada com as políticas de aplicação míopes e caóticas do presidente, não oferece nenhuma solução política substancial com efeitos positivos mensuráveis”, declarou Kelli Stump, presidente da Associação de Advogados de Imigração Americana (Aila), em comunicado.

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