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Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2019
O câncer de mama é o tipo de câncer com maior incidência na população feminina do País, excetuando o de pele não melanoma: o Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que serão 59,7 mil novos casos este ano (3.730 deles no Paraná e 820 em Curitiba), o que representará cerca de 30% do total de neoplasias malignas entre as mulheres. Neste 10º mês do ano, a campanha do Outubro Rosa chama a atenção para o problema.
Segundo a projeção para 2019, o câncer de mama terá taxas mais elevadas entre a população feminina das regiões Sul (73,07 casos a cada 100 mil mulheres) e Sudeste (69,50/100 mil) do Brasil, enquanto no Centro-Oeste (51,96/100 mil), Nordeste (40,36/100 mil) e Norte (19,21/100 mil) os patamares ficarão bem abaixo – na última região, não será sequer o tumor mais incidente.
Marcelo Bello, mastologista e diretor do Hospital do Câncer 3 do Inca, unidade do instituto especializada no tratamento do câncer de mama, disse que a incidência da doença está muito relacionada ao nível de desenvolvimento social.
“O Norte e o Nordeste do Brasil têm taxas bem menores, enquanto as do Sul e do Sudeste se assemelham às americanas. No Norte, há mais casos de câncer de colo uterino, que têm mais a ver com índices menores de desenvolvimento. Câncer de mama é uma doença da vida moderna, é mais incidente entre mulheres que menstruam cedo, têm filhos mais tarde, se alimentam mal ou começam a beber jovens, por exemplo”, explicou.
Segundo números do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) do Ministério da Saúde, em 2017 (último ano com dados disponíveis), 16.724 mulheres brasileiras morreram de câncer de mama, 32% a mais do que o registrado em 2010. No Paraná, foram 933 óbitos, o que representou um crescimento de 28% desde o início da década.
“A mulher tem que se cuidar sempre. Eu tinha um nódulo benigno na mama e fiquei um ano sem fazer acompanhamento. Aí, apareceu um maligno na frente, e quando é maligno, o crescimento é muito rápido. Eu não tenho histórico na família, não fumo, tenho hábitos saudáveis. Se o câncer tivesse sido detectado no início, o tratamento teria sido mais brando, e acabou sendo muito pesado”, disse a jovem Veruska Carajeleascow.
Como buscar ajuda
O enfrentamento ao câncer de mama espelha dificuldades da saúde pública em geral. No final de agosto, em relatório de auditoria sobre a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer apresentado no TCU (Tribunal de Contas da União), o ministro João Augusto Ribeiro Nardes apontou que, em 2017, 56% dos casos dos oito tipos de câncer prevalentes no Brasil (de próstata, mama, colo do útero, traqueia/brônquio/pulmão, cólon e reto, estômago, bucal e tireoide) atendidos no SUS (Sistema Único de Saúde) foram diagnosticados em grau avançado (estágios 3 e 4).
Os ministros do TCU determinaram na sessão que o Ministério da Saúde deve apresentar até o final de novembro um plano de ação com medidas a serem adotadas para que a política nacional seja cumprida.
Segundo Gustavo Werutsky, diretor do Latin American Cooperative Oncology Group, entre a detecção de um nódulo e a biópsia para confirmar ou não o câncer, a média é de quatro a seis meses na saúde pública brasileira, enquanto nos países desenvolvidos a espera no máximo é de dois a três meses. “Isso tem impacto no estágio da doença. O câncer de mama tem rastreamento definido e isso influencia na mortalidade da população. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais chances de cura”, explicou.