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Mundo Quase metade dos produtos importados dos EUA não paga imposto; Trump acusa o Brasil de “cobrar demais”

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Trump defendeu a adoção de novas tarifas para proteger produtores americanos e citou o Brasil como um dos alvos

Foto: The White House
Trump defendeu a adoção de novas tarifas para proteger produtores americanos e citou o Brasil como um dos alvos. (Foto: The White House)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a citar o Brasil como um dos países que, segundo ele, “roubam” os EUA com tarifas sobre produtos americanos. A declaração foi feita na última terça-feira (4), durante o tradicional discurso do Estado da União, no Congresso americano.

Com isso, diplomatas brasileiros avaliam que o país precisará equilibrar uma postura firme, porém cuidadosa, para evitar retaliações que possam afetar as exportações brasileiras e a relação comercial entre os dois países.

Em seu discurso, Trump defendeu a adoção de novas tarifas para proteger produtores americanos e citou o Brasil como um dos alvos potenciais de medidas protecionistas. O presidente já tem aplicado sobretaxas a produtos como aço, alumínio e etanol, impactando diretamente setores estratégicos da economia brasileira.

Diplomatas afirmaram que a melhor estratégia, neste momento, é agir com prudência, respondendo apenas quando necessário e sem agravar o clima com Washington.

“O Brasil tem que agir com grande firmeza, mas com grande prudência. O adversário é forte”, disse o ex-embaixador Marcos Azambuja.

Com a escalada de tensões comerciais, alguns produtos brasileiros já enfrentam tarifas elevadas para entrar no mercado americano — e outros podem ser alvo de aumentos caso Trump avance com novas medidas.

Com Trump endurecendo o discurso e citando nominalmente o Brasil, diplomatas reforçam a necessidade de cautela, mas sem passividade.

“Prudência não significa silêncio. Significa agir na hora certa e na medida certa para defender os interesses do Brasil”, afirmou um integrante do Palácio do Planalto.

Enquanto isso, a equipe econômica monitora o impacto potencial de novas tarifas e avalia medidas de defesa comercial para proteger setores estratégicos, como o agronegócio, a indústria do aço e a exportação de combustíveis.

O momento no governo é de alerta máximo, mas sem rompantes. Afinal, como define um diplomata, “Trump gosta do embate — mas o Brasil precisa gostar de resultado.”

Em relatório entregue ao Congresso na segunda-feira (3), em que critica os efeitos da Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo de Trump fez diversas menções ao Brasil e a pedidos de retaliação do País contra os Estados Unidos.

No documento de segunda-feira, que trata da agenda de política comercial para 2025, o gabinete da presidência americana escreve que “um dos resultados dos fracassos de negociações é que muitas potências comerciais continuam a ter tarifas consolidadas muito altas, muito em excesso em relação às aplicadas pelos Estados Unidos”.

O primeiro exemplo citado é do Brasil, que tinha, em 2023, tarifa consolidada média de 31,4% e aplicava taxa de 11,2%. Já os Estados Unidos possuíam tarifa consolidada média de 3,4% e aplicavam taxa de nação mais favorecida de 3,3%. O descompasso está expresso na diferença de taxação entre Brasil e EUA um com o outro.

Relatório publicado em janeiro pelo banco Itaú cita que o Brasil tarifa, em média, em 11,2% os produtos importados americanos, enquanto os Estados Unidos aplicam uma média de apenas 1,5% para os itens brasileiros.

O relatório, assinado pelos economistas Igor Barreto Rose e Julia Marasca, avalia que o Brasil pode ter prejuízos, se Trump, de fato, aplicar uma tarifa “universal” de 10% ou se adotar como princípio a equiparação das tarifas cobradas por outros países.

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