Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2024
O Cerrado e a Amazônia são os principais biomas vítimas da ação do fogo
Foto: Joédson Alves/Agência BrasilQuase um quarto do território brasileiro pegou fogo, pelo menos uma vez, no período entre 1985 e 2023. Foram 199,1 milhões de hectares queimados, o equivalente a 23% da extensão territorial brasileira.
Da área total atingida por incêndios, 68,4% era vegetação nativa, enquanto 31,6% tinha presença da atividade humana, principalmente a agropecuária. O Cerrado e a Amazônia são os principais biomas vítimas da ação do fogo, seja de origem natural ou provocada pelo homem. Juntos, totalizam 86% da área queimada.
Os dados, obtidos por meio da comparação de imagens de satélite, fazem parte de um estudo divulgado nesta terça-feira (18) pelo MapBiomas Fogo, rede que envolve universidades, ONGs (organizações não governamentais) e empresas de tecnologia.
Pelas imagens de satélite, os pesquisadores conseguem analisar o tamanho e o padrão histórico das áreas incendiadas, mas não é possível apontar com certeza o que iniciou o fogo.
No entanto, a coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar, explicou que é possível chegar ao entendimento de que a maior parte das queimadas não tem origem natural, quando raios, principalmente, são iniciadores do fogo.
“A gente pode inferir que a grande maioria é incêndio causado ou iniciado pela atividade humana”, apontou a geógrafa.
O principal motivo para chegar à conclusão é o período em que acontece grande parte dos incêndios, que são concentrados em agosto e setembro. “Onde queima mais, Cerrado, Amazônia e, agora, infelizmente, no Pantanal, é período seco, período em que, provavelmente, é bastante difícil de acontecerem as descargas elétricas das tempestades”, detalhou Ane.
A estação seca, entre julho e outubro, concentra 79% das ocorrências de área queimada no Brasil, sendo que setembro responde por um terço do total.
A coordenadora do MapBiomas afirma que a maior parte da vegetação nativa incendiada continua sem ocupação humana. “Um pequeno percentual das áreas que foram afetadas se torna, principalmente, área de pastagem”, declarou.
Quase metade (46%) da área queimada está concentrada em três Estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. De cada 100 hectares incendiados, 60 são em territórios particulares. Os três municípios que mais queimaram entre 1985 e 2023 foram Corumbá (MS), no Pantanal, seguido por São Félix do Xingu (PA), na Amazônia, e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerrado.
O levantamento do MapBiomas mostra ainda que cerca de 65% da área afetada pelo fogo foi queimada mais de uma vez entre 1985 e 2023. Nesse período, a cada ano, em média 18,3 milhões de hectares – equivalente a uma área pouco menor do que o Estado de Sergipe – são afetados pelo fogo.