Quarta-feira, 06 de novembro de 2024
Por Caio Bruno | 4 de janeiro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Abrindo os trabalhos de 2023, vou falar, claro, sobre Edson Arantes do Nascimento (1940-2022). Sem a pretensão de contar minhas lembranças sobre ele e nem de relatar o que todos sabem ou deveriam saber sobre seus gigantescos feitos nos gramados.
Mais do que o maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé é o brasileiro mais conhecido do mundo, um verdadeiro “passaporte” de identificação e que ajudou a formar de alguma maneira a identidade nacional e abriu caminho para todas as gerações de atletas da modalidade que vieram depois dele em nosso país. Sem Pelé, não existiria o País do Futebol como conhecemos hoje.
O Rei, apelido consolidado e inquestionado em todo mundo, nos deixou em 29 de dezembro do ano passado após uma sucessiva e longa série de problemas de saúde e enquanto escrevo essas linhas sua presença física se encerra em um cemitério de Santos.
Seu desaparecimento foi sentido e chorado por todo o povo no Brasil e amantes da bola na Terra em diversas capas de jornais, revistas, especiais de TV, reprises, vídeos nas redes sociais e conteúdos digitais. No Brasil, não foi diferente com mais de 230 mil pessoas indo se despedir dele na Vila Belmiro e nas homenagens diversas. Mas e o futebol brasileiro? Como agiu?
Excetuando uma ou outra presença protocolar de dirigentes esportivos e de alguns jogadores aposentados ou não, a modalidade que tanto deve ao Rei não compareceu de forma nem institucional e nem enquanto patrimônio simbólico de um país. Cobrar a presença dos poucos remanescentes do Santos da década de 1960 ou da seleção brasileira que disputou com Pelé as copas de 1958,1962 e 1970 seria injusta devido às dificuldades inerentes a idade, mas o que dizer dos ídolos que vieram nas eras seguintes? E que em algum momento foi comparado ao ídolo e que teve sempre sua gentileza e “benção”?
Nenhum jogador das seleções campeãs mundiais de 1994 e 2002 compareceu à despedida do Rei assim como nenhum representante do escrete atual ou de outras gerações. Integrantes dos times nacionais também foram poucos.
Pelé deveria ter seu ato final comparado ao de Chefes de Estado, no caso Chefe do Futebol e nós deveríamos fazer a lição de casa: representantes das equipes nacionais, homenagens por todo o Brasil, presença forte dos jogadores da seleção brasileira, celebrações para sua vida e arte e tantas outras honras. Não tivemos nada disso. Só postagens nas redes sociais provavelmente escrita por assessores.
São por comportamentos vergonhosos e distantes como esse que grande parte da população não se identifica e tem certa dificuldade em torcer para o escrete canarinho. Mas isso é assunto pra outro dia. Não liga pra essas coisas não Rei, aqui por essas bandas as coisas são assim mesmo.
Caio Bruno é jornalista e especialista em Marketing Político
Contato: caio.cbruno@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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