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Geral Quebra de máquinas caça-níquel foi estopim para a série de atentados contra bicheiro morto no Rio de Janeiro

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Vítima herdou de Castor de Andrade o controle das máquinas no bairro. (Foto: Reprodução)

Uma ordem do bicheiro Fernando de Miranda Iggnácio, para que seus capangas quebrassem máquinas caça-níquel na favela Vila Vintém, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no final de 2017, foi o estopim para uma série de atentados contra o contraventor. O dono dos equipamentos quebrados, segundo o depoimento de uma testemunha ao MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro, era o também contraventor Rogério Andrade, com quem Iggnácio trava uma guerra que já dura 20 anos pelo espólio criminoso de Castor de Andrade. Ao todo, o MP conseguiu identificar quatro ataques contra Iggnácio e seus seguranças nos últimos três anos. O mais recente aconteceu na última terça-feira: o bicheiro foi morto a tiros numa emboscada no Recreio.

Bangu, onde fica a favela Vila Vintém, era o principal objeto da disputa entre os desafetos. Iggnácio herdou de Castor o controle das máquinas no bairro. Andrade, entretanto, já domina o jogo ilegal em todos os bairros ao redor e, segundo o MP, queria tirar o bairro das mãos do rival.

De acordo com o relato da testemunha, o primeiro dos atentados aconteceu no dia 6 de janeiro de 2018 e teve como alvo o então chefe da segurança de Iggnácio, o sargento reformado Anderson Cláudio da Silva, o Andinho. Ele foi atacado a tiros na Rua Ribeiro de Andrade, em Bangu, quando saía de uma das bases da contravenção no bairro.

Segundo a testemunha, o ataque “foi uma represália a uma ordem de Fernando Iggnácio para mandar quebrar máquinas caça-níquel na comunidade Vila Vintém, as quais seriam pertencentes ao contraventor Rogério Andrade”. Ainda segundo o relato, a determinação do rival “deixou Andrade furioso, a ponto de elaborar uma emboscada para tentar matar Anderson, uma vez que este era quem cuidava da parte da segurança do grupo de Iggnácio”. Na ocasião, Andinho trocou tiros e conseguiu fugir.

O MP já conseguiu provas de que o Escritório do Crime quadrilha de pistoleiros responsável por dezenas de homicídios nas últimas duas décadas no Rio foi contratado para a empreitada: dados do celular de Leandro Gouveia da Silva, o Tonhão, um dos chefes do grupo, mostram que ele estava na região no momento do ataque. Tonhão foi preso em junho passado e responde pela tentativa de homicídio. O segurança de Iggnácio, no entanto, seria morto três meses depois: num novo ataque, em abril de 2018, Andinho foi fuzilado após sair de uma reunião de trabalho e entrar em sua BMW, no Recreio.

Em junho passado, apenas cinco meses antes da morte de Iggnácio, foi a vez do braço-direito do bicheiro ser executado. O ex-PM Jorge Crispim Silva dos Santos, apontado por testemunhas como sócio e laranja de Iggnácio, teve a casa invadida por homens encapuzados, que o assassinaram e fugiram sem levar nada.

A Polícia Civil e o MP apuram se os três crimes estão interligados. Investigadores já sabem que o Escritório do Crime tinham um plano para matar Iggnácio desde 2018. Na ocasião, o grupo planejou alugar um imóvel no prédio onde morava o bicheiro para emboscá-lo.

A série de ataques expôs a tropa que PMs que trabalhava para Iggnácio. Além de Andinho e Crispim, a Polícia Civil conseguiu identificar outros integrantes da escolta do contraventor. Dois deles se envolveram no primeiro atentado contra Andinho.

Durante a troca de tiros, o sargento atualmente reformado Natalino dos Santos Rodrigues foi baleado na mão e no tórax. Nesse dia, Natalino foi socorrido pelo ex-PM Jorge Fernando Pita da Costa. Os dois alegaram que o sargento havia sido vítima de um roubo. Ao analisar o celular de Andinho, entretanto, a polícia descobriu que ambos trabalhavam para Iggnácio, que não estava sendo escoltado quando foi executado.

Policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) já sabem que a arma usada na execução do contraventor Fernando de Miranda Iggnácio é um fuzil AK-47. Na terça-feira, foram apreendidos estojos de munição de calibre 7,62, usado nesse tipo de arma, no terreno baldio ao lado da empresa Heli-Rio. A polícia também já sabe que cerca de dez tiros foram disparados e cinco projéteis atingiram o contraventor. Na terça-feira, policiais chegaram a informar que o fuzil usado pelo assassino era de calibre 5,56, cujo projétil é menor e menos potente do que o 7,62.

A DHC trabalha com a hipótese de que um único atirador foi o responsável pelos disparos. Outra informação que está sendo investigada é de que o assassino estaria escondido, desde o início da manhã do crime, no terreno baldio. Após o assassinato o atirador usou o terreno como rota de fuga. As informações são do jornal O Globo.

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