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Por Redação O Sul | 9 de abril de 2016
O ritmo de queda da inflação surpreendeu mais uma vez o mercado. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) recuou de 0,90% em fevereiro para 0,43% em março, com forte influência da conta de luz, que ficou mais barata no mês. É o menor resultado para março desde 2012. No acumulado em 12 meses, a inflação ficou em 9,39%, a primeira vez, em quatro meses, que ficou abaixo dos 10%. Para analistas, o forte declínio pode abrir espaço para que o Banco Central dê início, ainda este ano, a uma redução na taxa de juros.
“A inflação está caindo mais do que o esperado pelo mercado. Isso confirma a minha expectativa de que a taxa de juro poderá sofrer seu primeiro corte em outubro”, declarou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Everton Carneiro, analista econômico da RC Consultores, afirma que, se o ritmo de desaceleração dos preços persistir, o mercado deve revisar para baixo suas projeções para as próximas leituras e também para o índice fechado no ano. “Nós, da RC, certamente devemos cortar nossa estimativa de 0,67% para abril e a taxa de 7,9% esperada para 2016 tem viés de baixa”, declarou o analista.
Já o economista André Muller, da AZ Quest, acredita que o BC sinalizará com alguma alteração nos juros quando a desaceleração inflacionária passar a fazer parte dos cenários do banco. “(O Banco Central) deve ficar cauteloso, ainda mais nesse ambiente incerto”, disse Muller, que ainda estima a Selic nos atuais 14,25% ao ano até o fim de 2016, embora preveja que o IPCA acumulado em 12 meses caia para 8,3% em junho.
A desaceleração no IPCA na passagem de fevereiro para março teve contribuição muito forte de apenas dois itens, energia elétrica e passagens aéreas, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As passagens aéreas tiveram novo recuo na tarifa em março, de -10,85%, o segundo maior impacto negativo sobre a taxa de inflação do mês, o equivalente a -0,04 ponto porcentual. O item só ficou atrás da energia elétrica, que contribuiu com -0,13 ponto porcentual após a queda de 3,41% na tarifa.
“Esses dois itens tiveram uma contribuição muito grande no sentido de conter a taxa do IPCA”, disse Eulina. “Mas ainda não é um movimento generalizado de desaceleração. Ainda tem pressões para cima.”
Os produtos alimentícios, por exemplo, ficaram ainda mais caros no mês, com alta de 1,24%. O grupo Alimentação e Bebidas respondeu por 74% de toda a inflação de março. Os alimentos comprados para serem consumidos em casa subiram 1,61%. (Daniela Amorim Francisco Carlos de Assis Maria Regina Silva/AE)