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Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2019
O mercado de trabalho deu um sinal de alento para a economia, com a redução da taxa de desemprego para 12% , no mesmo dia em que o Banco Central reduziu os juros para 6% . Trata-se do menor patamar desde que foi implantado o regime de metas de inflação, em 1999. Na avaliação de especialistas, as duas medidas podem abrir espaço para a recuperação da economia, caso seus efeitos se mostrem mais duradouros. A taxa de desemprego caiu para 12% no segundo trimestre. As informações são do jornal O Globo.
As vagas informais ainda respondem por 60% das novas colocações, mas a indústria, setor que historicamente mais contrata com carteira, voltou a gerar postos de trabalho: foram 319 mil, o equivalente à metade dos empregos formais criados no período.
A melhora do emprego com carteira assinada, especialmente na indústria, pode impulsionar o consumo das famílias, elemento que pesa mais de 60% no PIB (Produto Interno Bruto).
De outro lado, a queda dos juros funciona como um estímulo à atividade e tem potencial para contribuir para alavancar o investimento, que patinou no primeiro trimestre. No entanto, apesar do corte da taxa Selic de 6,5% ao ano para 6%, os juros no Brasil ainda estão entre os mais altos do mundo.
“Os dados são favoráveis e podem indicar o início de um ciclo positivo. As reformas estão na direção correta, porém o emprego formal costuma reagir mais lentamente. A economia está começando a andar. O corte de juros deve contribuir para a retomada do crescimento na medida em que incentiva investimentos no setor produtivo”, avalia Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre/FGV.
Ele avalia que a geração de empregos só não foi maior por causa do aumento da procura por vagas:
“Isso demonstra que mais pessoas estão voltando a procurar emprego e com esperança de conseguir uma vaga.”
Ottoni pondera ainda que o corte de juros pode contribuir para que novas contratações sejam feitas no período de agosto a setembro, quando a indústria tradicionalmente abre vagas para atender às encomendas para o fim do ano. Para Vivian Almeida, professora de Economia do Ibmec-RJ, a tendência de melhora ainda precisa se confirmar nos próximos meses:
“Se a indústria volta a contratar, estamos pelo menos assistindo a uma redução da capacidade ociosa do setor, que estava patinando há vários meses. É sem dúvida um indicador muito importante. Para confirmarmos se é uma tendência no mercado de trabalho, ainda precisaremos observar o próximo trimestre.”
A redução nos juros funciona como uma tentativa de injetar ânimo na economia, que enfrenta um cenário de inflação baixa e desemprego ainda alto — são 12,8 milhões em busca de uma vaga. O Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que existe a possibilidade de cortar mais os juros adiante. Os diretores do colegiado reconhecem que esta pode ser uma ferramenta para estimular a economia.
Para os especialistas, porém, uma recuperação mais sustentável da economia dependerá ainda do avanço de outras medidas, como a reforma da Previdência e tributária.
“O corte de juros melhora um pouco a confiança, mas as ações de política monetária têm um efeito defasado na economia. É um impulso mais para o ano que vem. Para sairmos do buraco do baixo crescimento, precisamos de reformas estruturais”, afirma Flavio Serrano, economista-chefe do banco Haitong.