Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de março de 2024
Faltando sete meses para as eleições municipais, a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em queda: recuou de 54% para 51% desde dezembro, enquanto a desaprovação subiu de 43% para 46%, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta semana. A tendência é registrada desde agosto, quando a aprovação chegou ao pico (60%), e a desaprovação era de 35%. De lá para cá, a popularidade de Lula, embora ainda expressiva, vem se deteriorando.
Ela continua alta e estável no Nordeste, no estrato com renda familiar até 2 salários mínimos e na população com mais de 60 anos. Nos demais níveis de renda, regiões ou faixas etárias, porém, apresenta recuo. Lula ainda é aprovado pela maioria dos brasileiros, mas entra no segundo ano de governo com um desafio: recuperar sua imagem nos grupos sociais a que tem dado menos atenção.
Um dos principais é formado pelos jovens. Seis em cada dez o aprovavam em agosto. De lá para cá, essa parcela vem caindo. Hoje mais jovens o desaprovam (50%) do que o aprovam (46%). No recorte por regiões, a popularidade no Sul e Sudeste apresenta tendência semelhante. Nenhuma diferença entre aprovação e desaprovação é mais significativa que a observada no eleitorado evangélico. Seis em dez o desaprovam, enquanto 35% o aprovam. No início do mandato, aprovação e desaprovação a Lula entre evangélicos eram semelhantes.
Uma das percepções mais intrigantes captadas pela pesquisa diz respeito à economia. O País cresceu acima da expectativa no ano passado. A inflação cumpriu a meta, e o desemprego atingiu o menor nível da última década. A taxa de juros começou a baixar, e a renda se recuperou.
Apesar de tudo isso, 38% consideram que a economia piorou nos últimos 12 meses, nível mais alto desde fevereiro de 2023 e sete pontos acima do registrado em dezembro. Apenas 26% viram melhora. Mesmo entre os eleitores de Lula, cresceu a parcela que enxerga piora na economia.
A popularidade de Lula, é fundamental enfatizar, continua alta. Mas a queda recente levanta pontos a que ele precisa prestar atenção. Lula foi eleito por uma ampla frente democrática. Uma vez no governo, tem se esmerado em repetir políticas que garantiram seu sucesso no passado, sem se dedicar ao que angustia a população no presente. Seu discurso é capaz de mobilizar a base mais fiel, mas, como revela a pesquisa, não de manter o apoio em segmentos que foram essenciais para sua eleição.
Com sua visão desenvolvimentista, ele tem dado prioridade às estatais, sem prestar atenção aos pequenos empreendedores das periferias. Tem dedicado mais tempo a aparições em fóruns internacionais e à guerra em Gaza que à violência das organizações criminosas ou à crise de segurança pública que aflige a população brasileira. Por fim, a agenda econômica virtuosa do Ministério da Fazenda não foi compreendida nem pelo próprio PT. Se não cuidar dessas questões, poderá ter de pagar preço ainda maior em popularidade. (Jornal O Globo)