Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Tito Guarniere | 21 de setembro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O Brasil vive provavelmente a pior seca de sua história. E nunca a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal e até as lavouras de açúcar do interior de São Paulo arderam em chamas como agora. Tudo está a indicar que estamos vivendo as consequências de uma crise climática planetária, da qual o homem ainda não se deu por satisfeito para enfrentá-la na medida adequada.
O governo Lula se elegeu, entre outras boas razões, porque prometeu que agiria de forma diferente de Bolsonaro, negacionista do clima e do meio ambiente, e que, entre os seus erros criminosos, simplesmente promoveu o desmonte das estruturas de preservação que existiam, ainda que sem maiores recursos, e muito aquém das reais necessidades. Pôs-se abaixo o que já era insuficiente.
A nomeação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente era uma sinal bastante promissor de que não se tratava de uma promessa de ocasião. Mas não demorou para ver que Lula e o PT, as forças hegemônicas do governo, apenas deram continuidade à desatenção que sempre tiveram com a questão ambiental. O meio ambiente jamais se constituiu em prioridade do partido e mesmo de Lula.
A promessa foi sendo esquecida, dando lugar às outras urgências, enquanto o meio ambiente se deteriorava pela ação humana, a omissão governamental, o agravamento da crise climática.
Lula insistiu na tática de que ninguém resiste à sua conversa envolvente, e que as consignas, as palavras de ordem, a retórica, são fórmulas mágicas para resolver qualquer dilema – andava pelo mundo pregando a ideia de uma “governança global” para a crise climática, como se isso fosse apenas uma questão de “vontade política”, solução comum no receituário lulista.
Era uma forma simplória de tirar o corpo fora, de posar de estadista, de ter pretextos e desculpas para a falta de ação governamental na tragédia da seca e das queimadas. Não era retórica que faltava. A lacuna aberta era de trabalho efetivo, persistente, determinado – falta essa que também acomete as “políticas públicas” do PT. Muito lero-lero, pouca ação.
No item da parolagem nunca falta terceirizar a culpa do que anda mal. No caso das queimadas – que além de degradar a natureza, obriga os trabalhadores brasileiros a respirar fumaça em vez de ar -, se aproveitou para carimbar a testa dos culpados e supostos culpados: o governo Bolsonaro, fazendeiros desalmados, o crime organizado.
Como não são as palavras e nem os sites lulopetistas que mudam a realidade, então estamos diante de uma situação constrangedora, inclusive aqueles que, como o colunista, apoiou Lula no segundo turno: a situação ambiental do Brasil, está igual ou pior do que no tempo de Bolsonaro. Que era inimigo declarado de toda a ação preservacionista.
Agora, com o incêndio e a secura a plena força , espera-se que o governo não faça como no caso do yanomamis. Parecia que eles estavam desaparecendo do mapa só por causa da crueldade bolsonarista. No mês que assumiu o governo, Lula e outras autoridades , em pajelança bem anunciada, definiram um programa redentor em favor daqueles indígenas. Passou-se o tempo e em menos de um ano se viu que a situação daqueles nossos irmãos só piorou.
*titoguarniere@terra.com.br
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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