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Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2020
Um novo relatório mostra que o número de alertas de queimadas em todo o mundo, a partir de abril, subiu 13% em relação ao ano passado – que já havia sido um ano recorde. O clima persistentemente mais quente e seco devido às mudanças climáticas e ao desmatamento causado principalmente pela conversão de terras para a agricultura são os principais fatores. Esse é o caso da floresta amazônica, que tem no desmatamento uma das principais causas de queimadas. A expansão da agricultura, extração ilegal e insustentável de madeira continuam a impulsionar a conversão e a degradação dos habitats naturais, aumentando assim o risco de queimadas.
“A tragédia que testemunhamos em 2019 não ficou restrita àquele ano e vem se repetindo em 2020: se nada for feito, veremos um ciclo de altos níveis de desmatamento e queimadas se repetindo anualmente, já que as áreas desmatadas são bem mais vulneráveis às queimadas na Amazônia”, alerta Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF Brasil. “Infelizmente as ações do governo não estão sendo eficientes para interromper esse padrão”, declara. Além de um retrato da situação global, o relatório “Queimadas, Florestas e o Futuro: Uma Crise Fora de Controle?”, do WWF (“World Wide Fund For Nature” ou “Fundo Mundial para a Natureza”) e do BCG (Boston Consulting Group), também inclui recomendações para reversão desse cenário.
Os dados mais recentes mostram que os incêndios na Amazônia brasileira, de 1 de janeiro a 23 de agosto de 2020, são 45% maiores do que a média de dez anos e 35% maiores do que nos últimos três anos. O número de queimadas na região atingiu a maior alta em 13 anos em junho, no início da estação seca. Em julho, foram detectados 6.803 focos de incêndios, 28% a mais do que o mesmo período em 2019. Simultaneamente, o desmatamento tem crescido de forma constante na Amazônia brasileira. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, os alertas de desmatamento foram 33% maiores no do que em igual período do ano anterior. O WWF pede a implementação de medidas emergenciais imediatas, como banir o desmatamento na Amazônia por cinco anos (As exceções são agricultura de subsistência e práticas de populações tradicionais, agricultura familiar, silvicultura sustentável, obras de utilidade pública e questões de segurança nacional).
A ação humana é responsável por três em cada quatro queimadas em florestas no mundo, destaca o relatório. Se as tendências atuais continuarem, haverá consequências devastadoras no longo prazo devido à liberação de milhões de toneladas extras de dióxido de carbono. Isso se soma aos impactos imediatos que dizimam a biodiversidade, destruindo ecossistemas vitais, ameaçando vidas, propriedades e meios de subsistência e economias, junto com o risco de graves problemas de saúde no longo prazo. Todos os anos, há cerca de 340.000 mortes prematuras por problemas respiratórios e cardiovasculares atribuídos à fumaça de incêndios florestais. E em 2020, nos países mais atingidos por queimadas, a fumaça está aumentando o perigo da Covid-19: um estudo de Harvard mostrou que um pequeno aumento na exposição de longo prazo a partículas contidas na fumaça pode aumentar as taxas de mortalidade de Covid-19 em até 15%.
“O mundo testemunhou as consequências devastadoras dos incêndios no ano passado, de bilhões de animais mortos e pessoas perdendo suas casas e meios de subsistência, sem mencionar o impacto no clima. E, no entanto, aqui estamos nós novamente”, disse Fran Price, Líder Global para Florestas do WWF. “A proatividade e o compromisso devem estar no centro de uma resposta global às queimadas e devem ocorrer em níveis local, subnacional, nacional e regional. Prevenir queimadas antes que ocorram é fundamental e muito mais eficiente em todos os aspectos do que as suprimir quando acontecem. Boas intenções no papel não significam nada se não forem acompanhadas por ações reais e eficazes na prática – e essas ações precisam se concentrar urgentemente nas florestas e no combate às mudanças climáticas”, completou. As informações são da WWF Brasil.